Uma ativista climática foi presa neste sábado (01/06) por colar um cartaz adesivo em um quadro de Monet no Museu d'Orsay, em Paris, para chamar a atenção para o aquecimento global.
A ação da mulher, integrante do Riposte Alimentaire (Resposta Alimentar) – grupo de ativistas ambientais e defensores da produção sustentável de alimentos – é a mais recente em uma série de protestos com o objetivo de chamar a atenção para o aquecimento global, atacando obras de arte.
Em um vídeo publicado na plataforma X, a mulher – que se apresenta como "cidadã preocupada" – é vista colocando um adesivo vermelho-sangue sobre a pintura Campo de papoulas de Claude Monet, um artista impressionista francês.
No vídeo, ela diz sobre o pôster que cobria a arte de Monet que "essa imagem de pesadelo nos aguarda se nenhuma alternativa for colocada em prática".
Ela acrescentou: "Com quatro graus, podemos esperar o inferno", uma referência às previsões que dizem que a temperatura da Terra pode aumentar 4 graus Celsius em relação aos níveis pré-industriais até 2050.
A pintura de Monet, concluída em 1873, mostra pessoas com guarda-chuvas passeando em um campo de papoulas em flor e faz parte de uma exposição especial do Museu d'Orsay chamada Paris 1874, Inventando o Impressionismo, que apresenta 130 obras de 31 artistas.
"Pintura não sofreu danos permanentes"
Um especialista em restauração examinou a pintura, que não sofreu danos permanentes, disse o Museu d'Orsay, acrescentando que ela foi recolocada na parede.
"A exposição está totalmente acessível ao público novamente", disse um porta-voz.
Algumas das obras de Monet foram vendidas por dezenas de milhões de dólares, sendo que uma pintura da série Meules ("Palheiros") chegou a arrecadar mais de 110 milhões de dólares, incluindo taxas, em um leilão em 2019.
A Riposte Alimentaire reivindicou a responsabilidade por vários ataques à arte na França, em uma tentativa de chamar a atenção para a crise climática e a deterioração da qualidade dos alimentos.
Eles incluíram um ataque ao retrato mais famoso do mundo, a Mona Lisa, no Louvre, em janeiro, quando dois manifestantes jogaram sopa no vidro à prova de balas que protegia a obra-prima de Leonardo da Vinci, dizendo que tinham direito a "alimentos saudáveis e sustentáveis".
Os agressores foram condenados por um tribunal de Paris a realizar trabalho voluntário para uma organização de caridade.
Já em 2022, um homem havia jogado uma torta de creme na Mona Lisa porque, segundo ele, os artistas não estavam se concentrando o suficiente no "planeta".
Em fevereiro, os manifestantes da Riposte Alimentaire jogaram novamente sopa em uma pintura, dessa vez em Lyon, no sudeste da França, tendo como alvo outra pintura de Monet, Primavera.
No mês passado, ativistas também pertencentes ao grupo colaram panfletos em torno de A liberdade guiando o povo, uma pintura de Eugene Delacroix no Louvre.
Em abril, dois de seus membros foram presos no Musee d'Orsay, dedicado à arte do século 19, suspeitos de preparar uma ação no local.
"Movimento de resistência"
O Riposte Alimentaire se autodenomina um "movimento de resistência civil francês que visa estimular uma mudança social radical para o meio ambiente e a sociedade".
"Nós amamos a arte", disse o movimento, "mas os futuros artistas não terão nada para pintar em um planeta em chamas".
Monet parece ser o alvo favorito dos ativistas climáticos em outros lugares também, com pinturas do impressionista sendo atacadas anteriormente em Potsdam, na Alemanha, e em Estocolmo.
md (AFP, ots)