MPF processa vereador de Caxias do Sul por falas xenofóbicas contra nordestinos

Ação pede indenização por danos morais coletivos a ser aplicada em iniciativas contra o trabalho análogo à escravidão e xenofobia

Da redação

MPF processa vereador de Caxias do Sul por falas xenofóbicas contra nordestinos
Vereador Sandro Fantinel poderá ter mandato cassado após falas contra baianos
Reprodução

O Ministério Público Federal pediu à Justiça nesta quinta-feira (2) que obrigue o vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel a pagar danos morais coletivos pelas falas xenofóbicas. O político fez um discurso considerado preconceituoso aos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves. 

Na terça-feira (28), Fantinel afirmou que empresas e produtores rurais deveriam "contratar funcionários limpos" e não "aquela gente lá de cima", citando o Nordeste. A ação do MPF pede que o vereador seja condenado a pagar uma indenização de, no mínimo, R$ 250 mil e que o valor seja destinado a projetos e campanhas contra o trabalho análogo à escravidão, xenofobia ou iniciativas que promovam a cultura baiana em Caxias do Sul. 

Fantinel foi expulso do partido Patriota e poderá ser cassado pela Câmara dos Vereadores de Caxias do sul pela fala. O discurso foi classificado pelo MPF como odioso, preconceituoso e de caráter xenofóbico e discriminatório. 

Para o MPF, o vereador atacou também órgãos da União ao dizer que as condições em que os trabalhadores foram encontrados são ‘normais’ na Serra Gaúcha e que eles queriam trabalhar 15 dias e ganhar por 60. O MPF aponta que essa fala induz ao entendimento de que o trabalho de fiscalização foi ilegal e ignora o fato de que todas as informações trazidas a público.

Entenda o caso

No dia 22 de fevereiro, uma operação conjunta de diversas forças de segurança desbaratou um esquema de trabalho escravo em vinícolas em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Os resgatados eram terceirizados e foram levados ao Sul com a promessa de emprego, alojamento e alimentação, o que não acontecia na prática, conforme informaram as autoridades.

Em discurso na Câmara dos Vereadores de Caxias do Sul, o vereador Sandro Fantinel criticou as vítimas do caso. “Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer limpeza para os bonitos também? É isso que vai acontecer? Temos que botar eles no hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério Público do Trabalho?", questionou.

"Agora, com os baianos, a única cultura que eles tem é tocar tambor (...), se estava tão ruim a situação de escravidão como é que alguns do próprio grupo não quiseram ir embora, quiseram permanecer na empresa?”, disse o vereador. 

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