O Ministério Público Federal (MPF) estendeu por mais cinco dias o prazo para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH) informar casos relativos às falas da senadora eleita Damares Alves, ex-titular da pasta, sobre estupro e tráfico de crianças no Marajó.
O prazo inicial era de três dias. Na última terça-feira (19), o MDH pediu mais 30 dias para informar todos os casos, em nível nacional, entre 2016 e 2022 envolvendo crimes sexuais contra crianças e adolescentes. A ministra Cristiane Britto disse que existem mais de 5 mil denúncias no período de sete anos.
O MPF no Pará e o Ministério Público Estadual (MP-PA), semana passada, informaram que não receberam nenhuma denúncia de exploração sexual de menores que envolvesse as torturas citadas por Damares. Em fala para fiéis em igreja, a ex-ministra disse que crianças tinham os dentes arrancados para não ferirem estupradores durante sexo oral.
Por outro lado, o MPF deferiu o pedido da ministra da Mulher para que a pasta repasse, em até 30 dias, todas as denúncias recebidas de tráfico e estupro de crianças, em nível nacional, nos últimos sete anos.
Crianças com dentes arrancados
A cobrança do MPF aconteceu após Damares Alves, ex-titular do MDH, dizer que crianças do Marajó tinham dentes arrancados para não morderem estupradores durante o sexo oral. No dia 10 de outubro, o órgão de fiscalização deu três dias para a pasta apresentar as provas dos casos narrados pela senadora eleita.
“Como há uma abundância de informações nesses mais de 5 mil registros na Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, entendemos como razoável a dilatação do período proposto para que todas as informações recebam a devida clareza pertinente às necessidades do MPF”, alegou a atual titular do MDH.
Relatos das ruas, disse Damares
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Damares disse que os relatos contados durante um culto evangélico foram repassados a ela por moradores do Marajó e regiões de fronteira do Brasil.
“Essa coisa de que as crianças, quando saem, saem dopadas e os seus dentinhos são arrancados onde elas chegam a gente ouve nas ruas, na fronteira. Na CPI, lá atrás, já se falava de que forma essas crianças são traficadas. Elas ficam dopadas por 24 horas. Elas são levadas em caixas, sacos. Todo mundo, na fronteira, fala”, disse Damares, na última quinta-feira (13).