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MP pede soltura de flamenguista preso pela morte da torcedora Gabriela Anelli

Ministério Público de São Paulo entende que vídeos não provam que suspeito jogou garrafa contra torcedora que morreu

Por Karina Cordeiro

MP pede soltura de flamenguista preso pela morte da torcedora Gabriela Anelli
Reprodução

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu, na manhã desta quarta-feira (12), a soltura do suspeito de ter arremessado a garrafa de vidro que atingiu a torcedora Gabriela Anelli. A jovem de 23 anos morreu depois da ação, ocorrida em meio a uma briga de torcidas de Flamengo e Palmeiras.

A Band teve acesso ao pedido do MP, assinado pelo promotor Rogério Leão Zagallo. No documento, ele diz que os vídeos não confirmam que foi Leonardo Felipe Xavier Santiago, preso em flagrante e acusado por homicídio doloso, quem arremessou a garrafa que matou Gabriela.

A petição cita um vídeo que mostra, segundo informações recebidas pelo MP, o momento em que um homem com barba e de camisa cinza arremessa uma garrafa de vidro. Para o promotor, ele assumiu o risco de provocar a morte de alguém.

“No instante 2m18seg do vídeo [gravado por alguém próximo ao arremesso] feito pela pessoa que estava ao lado dos flamenguistas é possível ver um torcedor que ostentava barba e que vestia camisa cinza se apoderar de uma garrafa de cor verde e arremessá-la em direção aos torcedores do Palmeiras”, escreveu o promotor.

 

Defesa deve pedir soltura de acusado

Os advogados que assumiram a defesa do torcedor do Flamengo acusado de jogar a garrafa de vidro na palmeirense Gabriela Anelli alegam falta de provas e devem pedir a soltura de Leonardo Felipe Xavier Santiago ainda nesta quarta-feira (12). A jovem de 23 anos morreu depois de ser atingida por estilhaços da garrafa, ocorrida em meio a uma briga de torcidas de Flamengo e Palmeiras.

Em entrevista coletiva, a defesa do flamenguista, que assumiu o caso na terça (11), afirmou que não há “provas nem imagens que comprovem que o Leonardo arremessou a garrafa que matou a Gabriela”. Os advogados temem pela integridade física do acusado, já que ele não é morador de São Paulo. Os advogados também citaram que preferem que o caso seja investigado onde já está e não querem que mude para o DHPP. 

A briga

A briga aconteceu nos arredores do Allianz Parque, antes de jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. O delegado César Saad, da Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), destacou que o suposto agressor vai responder por homicídio doloso

Em coletiva de imprensa, o delegado informou ainda que é cogitada a possibilidade de torcida única em clássicos envolvendo Palmeiras e Flamengo.

“Hoje quem acompanha futebol sabe que Palmeiras e Flamengo são as equipes que mais chegaram em finais, mais tiveram títulos nacionais e internacionais. Historicamente, Palmeiras e Flamengo têm uma rivalidade enorme de torcidas organizadas. Eu posso afirmar que a gente faz com total segurança um clássico estadual, com muito mais segurança do que um clássico nacional, por você não ter o contato, por você não ter o dia a dia desses torcedores que vêm de fora.”

Quem era Gabriela Anelli

Gabriela Anelli era a caçula da família e dividia a paixão pelo Palmeiras com o irmão, Felipe Anelli. De acordo com o pai, a garota sempre ia aos jogos do Alviverde. “Era a diversão dela nos fins de semana. Forma que se encontrou... ela gostava do Palmeiras. A vida dela era essa”, disse.

Futebol, porém, não era a única paixão da garota. Segundo a família, Gabriela adorava surfar nas horas livres. Ela até tinha vontade de se profissionalizar na modalidade, mas não pôde dar sequência à carreira por causa de um problema no coração desde quando era criança. Ela chegou a passar por uma cirurgia com apenas dois meses de vida. 

De acordo com a família, Gabriela pretendia se tornar técnica em informática (TI) e, enquanto isso, trabalhava cuidando de crianças em uma escola no Taboão da Serra, na região metropolitana.

Clubes pedem fim da violência

Após a confirmação da morte, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Santos se uniram e publicaram uma nota conjunta pedindo o fim da violência nos estádios, além de se solidarizarem com a família da torcedora.

“É urgente uma conversa definitiva sobre o fim da impunidade de criminosos que, vestidos com as cores de um clube o qual não representam, cometem atos tenebrosos, como temos visto todas as semanas, infelizmente. É preciso que autoridades e todos os envolvidos no esporte”, diz a nota.

Antes, o Palmeiras havia lamentado a morte de Gabriela: “Não podemos aceitar que uma jovem de 23 anos seja vítima da barbárie em um ambiente que deveria ser de entretenimento. Manifestamos solidariedade à família da palmeirense e cobramos celeridade na apuração deste crime, que fere a nossa razão de existir e compromete a imagem do futebol brasileiro”.

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