Motorista do atentado, Élcio de Queiroz relembra assassinato de Marielle: "É agora, emparelha"

Réu pela morte da vereadora e o motorista Anderson Gomes prestou testemunho durante o julgamento do caso nesta quarta-feira (30)

Da Redação

Élcio de Queiroz
Reprodução

Acusado de ser o motorista do atentado que matou a vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Élcio de Queiroz deu detalhes do dia do atentando em testemunho durante o julgamento do assassinato nesta quarta-feira (30). 

Segundo Queiroz, ele fazia um serviço de escolta de caminhões no dia do atentado quando recebeu uma mensagem de Ronnie Lessa para ajudar em um “serviço” - Élcio afirmou que descobriu apenas posteriormente que seria um assassinato. 

O motorista então guiou o veículo até a “Casa das Pretas”, onde Marielle participava de um evento. Ronnie pretendia cometer o crime ali, mas foi impedido por Élcio, por causa das câmeras e a movimentação na rua. 

A dupla então seguiu o carro dirigido por Anderson, e agiu quando parou em um cruzamento.

“O Anderson tá parado transversalmente a rua esperando para entrar à esquerda, porque vinha um cargo de frente para ele, então o carro tá parado transversal. O Ronnie falou: ‘É agora, emparelha’.”, relatou Élcio.

Segundo Queiroz, Lessa atirou pela seu lado do carro, com capsulas da metralhadora chegando a atingi-lo. 

“Quando ele fala emparelha, eu vou em direção ao carro dele, ele tá esperando o outro carro passar, eu vou em direção ao carro dele Eu paro o meu vidro do motorista paralelo ao banco do carona do carro do Anderson. O Ronnie já tinha baixado o vidro, eu só escuto disparos. Foi um uma rajada. Eu até narro na delação, caiu um monte de cápsula na minha cabeça, no meu pescoço”, disse. 

Depois do crime, os acusados primeiro mudaram de carro para despistar qualquer procura, e depois beberam em um bar até de madrugada. 

Após o depoimento de  Élcio de Queiroz, o julgamento foi suspenso. Ele deve retomar na manhã desta quinta-feira (31)

Outros depoimentos desta quarta

Queiroz foi a 11ª testemunha a falar no julgamento desta quarta. Além dele, prestaram depoimento:

  • Ronnie Lessa, réu do crime e ex-policial militar
  • Fernanda Chaves, assessora de Marielle e sobrevivente do atentado;
  • Marinete Silva, mãe de Marielle;
  • Mônica Benício, viúva de Marielle;
  • Ágatha Arnaus, viúva de Anderson;
  • Carlos Alberto Paúra Júnior, policial civil;
  • Luismar Cortelettili, agente da Polícia Civil;
  • Carolina Rodrigues Linhares, perita criminal;
  • Guilhermo Catramby, delegado da Polícia Federal;
  • Marcelo Pasqualetti, policial federal.

Lessa cita ataque contra Freixo

O ex-policial Ronnie Lessa, outro réu do caso “Marielle” também prestou depoimento. Ele começou falando que, antes de receber a ordem para matar Marielle, teve uma proposta de Edmilson Macalé para matar o também político Marcelo Freixo (Psol).

"Esse assunto começou no finalzinho de 2016 para 2017. Chegou a oferta seguinte: temos uma coisa para ficar milionário. Em janeiro a pessoa me trouxe o nome e eu ri. Disse 'você deve estar brincando, não tem como. Aí a pessoa voltou a me procurar. Era para matar um político e achei inviável, achei loucura, o doutor Marcelo Freixo", contou Lessa.

Depois a proposta mudou: o foco passou a ser Marielle Franco, porque supostamente ela atrapalhava os planos de loteamento de imóveis de milicianos. Então Ronnie Lessa começou a providenciar os equipamentos e as informações que precisava para cometer o crime.

Quanto tempo Ronnie e Élcio vão pegar?

O Ministério Público pediu que Ronnie e Élcio respondam por 3 crimes: duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação. A punição máxima pedida é de 84 anos de prisão para cada um. Eles tentaram fazer um acordo de delação premiada para diminuir essa punição.  

A previsão é que haja pelo menos mais um dia de sessão de julgamento. Depois disso, 7 jurados, todos homens, que foram sorteados, vão decidir o destino dos dois. A juíza Lúcia Glioche calculará a pena deles.

Os suspeitos de serem os mandantes dos crimes, irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa, respondem a um processo no STF.

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