A explosão de pagers e walkie-talkies no Líbano deixou o mundo sob alerta para uma guerra total no Oriente Médio. Agora, os olhos das diplomacias, analistas e imprensa internacionais se voltam para uma das entidades mais importantes do Estado de Israel, o Mossad, a agência de inteligência e serviço secreto que atua para proteger a integridade do país e dos judeus no exterior.
Inclusive, o Mossad é apontado como o principal suspeito de explodir os pagers e walkie-talkies que mataram, até o momento, mais de 30 pessoas e deixaram milhares de feridos. Para muitos, fica o questionamento sobre o que é essa organização israelense e como atua em prol da segurança do país contra inimigos no exterior. O Band.com.br explica nesta reportagem.
A história do Mossad se confunde com a de Israel, pois nasceu imediatamente após a criação do Estado que seria o refúgio dos judeus, em 1948, quando o território se tornou independente, sob a liderança do primeiro governante do território, David Ben-Gurion. O órgão, portanto, torna-se um dos pilares da segurança israelense, ao lado da Aman (inteligência militar) e Shin Bet (segurança interna).
Com o passar dos anos, o número de funcionários do Mossad saltou de 80 para mais de 620, além de expandir a coleta de dados internacionais ao redor do mundo, sobretudo no Oriente Médio, onde árabes e judeus vivem conflitos intensos. Com a guerra na Faixa de Gaza, as ameaças na região escalaram e preocupam, principalmente entre Israel, Irã e Líbano.
Por que o Mossad não assume autoria?
Em meio a esse cenário, Israel investe pesado em inteligência, o que inclui o Mossad. Por outro lado, apesar das suspeitas das explosões de “objetos civis” recaírem sobre o país, a agência não assumiu a responsabilidade dos ataques. O motivo? Trata-se de uma praxe das agências de inteligência, inaugurada, inclusive, pela agência americana CIA.
Essa decisão de não assumir o ataque no Líbano tem uma explicação. Isso porque a atuação secreta de um país em outro, independente do fim, pode ferir a soberania da nação alvo da inteligência estrangeira. No caso do Mossado, manter o sigilo pode livrar Israel de eventuais acusações de práticas terroristas e crimes contra a humanidade. É como avalia o professor de relações internacionais Vladimir Feijó.
“O Mossad não vai assumir as autorias das explosões, no Líbano, porque, se isso ocorresse, o Estado de Israel seria responsável não só pelas mortes, mas também pelo que muitos analistas veem, inclusive no Ocidente, como tendo praticado terrorismo em grande massa, porque a pretensão é causar o pânico e a dúvida na população libanesa”, analisou Feijó.
Massacre de Munique
Entre as várias ações do Mossad pelo mundo, há emblemática “Operação Ira de Deus”, uma missão que consistia em vingar a morte de 11 atletas israelenses. O massacre ocorreu durante a Olimpíada de Munique, na Alemanha, em 1972, quando o grupo terrorista Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica.
Os jogos foram suspensos por 34 horas e uma missa foi celebrada no estádio principal em memória às vítimas. Por parte do governo israelense, a promessa de vingança. Coube ao Mossad quem esteve direta e indiretamente ligado ao massacre. O objetivo era assassinar todos os envolvidos.
Em 1973, um garçom foi morto após ser confundido com um dos alvos do Mossad. Em 1979, a agência conseguiu matar o chefe de operações do Setembro Negro, Ali Hassan Salameh, em Beirute.