Mortes por chuvas em 2022 já superam o total do ano passado no Brasil

Na última década, os óbitos causados por chuvas já somam 1.756

Por Cleber Souza

Na última década, os óbitos causados por chuvas já somam mais de 1,7 mil Diego Nigro/Prefeitura do Recife
Na última década, os óbitos causados por chuvas já somam mais de 1,7 mil
Diego Nigro/Prefeitura do Recife

Em 5 meses, as mortes causadas pelas chuvas já superam o total de óbitos de todo o ano passado. Até esta quarta-feira (1º), 457 pessoas perderam suas vidas em desastres por excesso de chuva no Brasil em 2022.  

O dado aponta um aumento de 57% em relação a 2021, quando o número de mortos pela chuva no ano todo foi de 290 pessoas. Na última década, os óbitos causados por chuvas já somam 1.756.

O levantamento foi feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) com base nos dados do Sistema Integrado de Informações Sobre Desastres do Ministério do Desenvolvimento Regional (S2ID/MDR), e inclui 91 das 106 mortes no desastre em Recife nesta semana.

Segundo o levantamento, a crescente no número de mortes ocorre desde 2019 em relação aos anos anteriores. Foram 297 mortos em 2019 e 216 em 2020. Como comparação, entre 2014 e 2018 morreram menos de 100 pessoas por ano devido à chuva.  

Além das mortes, o documento também aponta que pelo menos 7,8 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas, sendo obrigadas a deixar suas casas de forma permanente ou temporária.

Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a falta de recursos para prevenção no orçamento de desastres do país é um dos principais motivos para a recorrência dos problemas.

Um relatório sobre os danos causados pelo excesso de chuvas, publicado em abril, a entidade aponta que, apesar de os desastres terem sido desencadeados pelo alto volume de precipitação, muitos dos problemas -- incluindo mortes evitáveis -- são resultados da falta de políticas públicas.

"Desastres ocorridos, a despeito de sua natureza, como chuvas torrenciais e consequentes deslizamentos de terra e inundações, escondem muitas vezes a ausência de políticas públicas de habitação, saneamento básico e infraestrutura eficazes e deixam claro a precariedade da articulação de políticas de prevenção de desastres pelos entes federados", aponta o relatório.  

Maiores desastres

O maior número de óbitos de 2022 causado pelas chuvas aconteceu em fevereiro em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando 233 pessoas morreram devido a deslizamentos e alagamentos causados pela chuva.

O Rio de Janeiro teve outro desastre em abril, quando 20 pessoas morreram (11 mortos em Angra dos Reis, 7 em Paraty e 1 em Mesquita) em deslizamentos causados pelas tempestades.  

Já no nordeste, somente em Recife, no Pernambuco, pelo menos 106 pessoas morreram na última semana. Outras 26 pessoas morreram na Bahia no início do ano.

A região nordeste ainda apresenta 1,2 milhão de pessoas afetadas pelas chuvas e pelo menos R$ 3 milhões em prejuízo nos últimos 6 meses, com danos à pecuária, à agricultura, à indústria, ao comércio, aos sistemas de geração energia, de abastecimento de água, de esgoto, de limpeza, de segurança pública, de controle de pragas, de transportes e de telecomunicações.

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