O ex-ministro Sergio Moro formalizou sua filiação ao Podemos em cerimônia realizada em Brasília nesta quarta-feira (10). Falando como possível pré-candidato à Presidência pelo partido nas eleições de 2022, o recém-filiado focou seu discurso em críticas a projetos dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, atuais líderes nas pesquisas eleitorais.
“Precisamos recuperar a ideia de que dividimos o mesmo país, somos todos irmãos, amigos e vizinhos. Podemos até divergir em alguns pontos, mas temos, como brasileiros, mais pontos em comum que diferenças. Nosso projeto é forte, vigoroso, mas não é agressivo. Nossas únicas armas serão a verdade, a ciência e a justiça (...). O caminho jamais será da mentira e das verdades alternativas. Não vamos fomentar divisões ou agressões de brasileiro contra brasileiro. Incluo aqui a imprensa. Chega de ofender ou intimidar jornalistas”, disse, em provável referência aos atritos de Bolsonaro com a mídia.
“Jamais iremos também propor qualquer controle sobre a imprensa – social ou com qualquer outro nome com que se queira disfarçar censura ou controle de conteúdo”, completou, criticando propostas de Lula.
Sem dar detalhes, Moro afirmou ainda que um dos principais projetos de sua eventual candidatura seria “erradicar pobreza e acabar de vez com a miséria”, o que não seria feito “apenas com programas de transferência de renda”, como o Bolsa Família, criado na gestão petista, ou o Auxílio Brasil, mais recente aposta do governo federal.
“Isso já deveria ter sido feito anos atrás. Para tanto, precisamos de mais que programas de transferência de renda, como Bolsa Família ou Auxílio Brasil. Precisamos identificar o que cada pessoa necessita. Podem ser coisas simples, como vaga em ensino, tratamento de saúde, oportunidade de trabalho. As pessoas querem trabalhar e gerar seu próprio sustento”, declarou.
Como medida prioritária, sugeriu a criação de uma força-tarefa permanente de erradicação da pobreza “sem interesses eleitoreiros”, utilizando servidores e especialistas de estruturas já existentes e “sem destruir o teto ou a responsabilidade fiscal”. Ele não informou, no entanto, quais servidores e estruturas seriam esses.
“Impossível não falar sobre corrupção”
Ex-juiz federal da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos julgamentos da força-tarefa da Operação Lava Jato, Moro afirmou que “foi aconselhado a não falar sobre corrupção”, mas que isso seria “impossível”.
“Combater a corrupção não é um projeto de vingança ou de punição. É um projeto de justiça na forma da lei. É impedir que as estruturas de poder sejam capturadas e dessa forma viabilizar as reformas necessárias para melhorar a vida das pessoas."
Em seguida, pontuou que propõe, “sem mais delongas”, aprovar a volta da condenação criminal em segunda instância “para que a justiça deixe de ser uma miragem”; garantir a independência do Ministério Público “respeitando as listas” e a autonomia da polícia, com mandatos para diretores “para impedir que haja interferência política no trabalho”; o fim do foro privilegiado e o fim da reeleição para cargos no Executivo.
“Jamais usarei o Brasil para ganho pessoal. Vocês sabem que podem confiar que eu sempre vou fazer a coisa certa. Ninguém irá roubar o futuro do povo brasileiro. Estou, portanto, recomeçando hoje, à disposição de vocês, por um Brasil justo para todos”, finalizou.