Moradores do centro de São Paulo conseguiram na Justiça fazer com que a prefeitura resolva um problema de barulho na Avenida 9 de Julho. As reclamações já duravam quase 10 anos.

Quem mora na altura do número 600 teve que se acostumar a conviver com o barulho dos carros e ônibus batendo em uma grelha de galeria pluvial que está solta.

O engenheiro de TI Sérgio Câmara, que é morador da região há quase 30 anos contou a reportagem como enfrenta o problema. “Vinte e quatro horas é ‘trec trec’. Tira a concentração ele [o barulho] vai te irritando e você tem que ficar com as portas todas fechadas. Eu tive que comprar janela antirruído para dar uma abafada no barulho, mas mesmo assim não resolve”, disse.  

Ter que ficar em casa boa parte do dia por causa da pandemia foi a gota d´água para acabar a paciência com a situação.

Sérgio bateu de porta em porta na vizinhança para saber se mais alguém estava também no limite e conseguiu montar uma lista de quase 3 mil pessoas de oito condomínios que se uniram e foram à Justiça contra a prefeitura de SP.

“O primeiro protocolo mais antigo que eu tenho aqui que eu peguei de uma moradora é de 2011. Cada morador do entorno reclamava individualmente para prefeitura e fazia protocolo”, contou. 

O resultado da ação coletiva saiu neste mês, com a Justiça dando a vitória aos moradores. A prefeitura foi intimada a resolver o problema da grade e a pagar uma indenização, que não teve valor definido ainda.

O advogado Matias Falconi explica que uma medição do barulho confirmou a sensação de incômodo. “O valor exato é aproximadamente de 83 decibéis isso é o equivalente a um barulho de uma campainha estridente bem próxima do ouvido de uma pessoa ou o barulho de uma praça de alimentação cheia. O máximo que a prefeitura fazia era realizar uma solda nas grades, que durava um ou dois meses, no máximo. É um problema bastante simples e eles só estão dando a reposta agora porque estão sendo processados”, disse.  

A prefeitura de SP respondeu à reportagem que vai recorrer da decisão da Justiça porque há indícios de que as grades foram quebradas intencionalmente, mas mesmo assim vai consertar a grelha que está solta na Avenida 9 de Julho.

Contratou uma empresa que terá 30 dias para fazer a obra a partir da assinatura do contrato, ao custo de mais de R$ 230 mil.

Até que o serviço fique pronto, a faixa central da pista sentido centro ficará fechada todos os dias entre 22h e 6h para garantir ao menos o sono dos moradores da região.