Com a última avalanche verbal do presidente, ministros e aliados se animaram a fazer o que é necessário desde o início do governo: convencê-lo a se poupar. Na verdade, a falar menos e fugindo de desgastes inúteis que na verdade têm sido úteis para os adversários, que estão no papel deles.
Nestes 90 dias de governo o Lula perdeu excelentes oportunidades de ficar calado, culminando com essas insinuações e ataques sem provas à Polícia Federal, que pode ficar para depois da viagem à China. Outra preocupação do Planalto é a insistência de Lula nos ataques ao Banco Central, querem distribuir essa tarefa, já que acreditam nela, entre ministros e lideranças, poupando o presidente.
Outro objetivo por lá é como atenuar as falas desastrosas sobre a operação policial. E aí é que entra a leitura de que o presidente levantou suspeitas do que ele considera a pressa da juíza, que substitui Sergio Moro, em assinar a autorização da operação da Polícia Federal. Ela, que colocou praticamente junto a fala de Lula que queria se vingar de Moro, a relação em uma coisa e outra começou a ser feita.
Enfim, tentam reduzir os prejuízos dessa voracidade verbal do presidente, às vezes irresponsável como agora, mas, já tentaram isso antes, como sempre sem sucesso. Talvez falte alguém com mais disposição de falar objetivamente com o chefe.