Mistério: o que estão tramando Trump, Netanyahu e Orbán?

Trump e Netanyahu
REUTERS/Leah Millis/File Photo

O presidente Donald Trump revelou que deverá receber o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na semana que vem. Os dois falaram ao telefone — e o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán participou da conversa.  

Netanyahu está em Budapeste desde a madrugada desta quinta. Deverá ficar até o domingo. Na semana que vem, se ele for à Casa Branca, pela segunda vez este ano, poderá perder a celebração do Pessach, a Páscoa judaica, o êxodo dos escravos judeus do Egito, a partir de sábado, 12, e por uma semana.

O que, de verdade, Netanyahu foi fazer na Hungria? E o que o levará a Washington?  

Israel está em guerra verbal com a Turquia, que o acusa de desestabilizar a Síria com ataques quase todos os dias, justificados como queima de armamentos deixados pelo ditador Bashar al-Assad. O Irã está retirando soldados que enviou ao Iêmen porque, se um deles for morto ou ferido, nos ataques dos EUA contra os Houthis, o aiatolá Ali Khamenei terá que se vingar do “Grande Satanás”. Mas os EUA e Israel estão de olho na produção de uma bomba nuclear iraniana. Trump e Biden já tiveram que segurar Netanyahu em seus momentos de expandir a guerra Hamas-Hezbollah-Houthis diretamente contra o Irã.

Washington e Budapeste é um trajeto livre para os condenados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). O czar Vladimir Putin, também com mandado de prisão por seus excessos na Ucrânia, usa outros: pode ir à China e Coreia do Norte. Que nenhum deles, porém, entre no espaço aéreo de algum país disposto a executar o mandado de prisão do TPI: pode ser interceptado, obrigado a pousar e enviado para a prisão em Haia.

O jornal israelense Haaretz está escandalizado por concluir que Netanyahu foi à Hungria apenas para tirar férias de seus problemas domésticos. O maior de todos são os 59 reféns em Gaza, abandonados, as negociações paralisadas porque o que o interessa, ao que tudo indica, é o fim do Hamas, já que, continuando a guerra, ele assegura os votos dos religiosos ultranacionalistas que dão maioria à coligação governamental. Antes de partir para “as férias” na Hungria, ele foi interrogado pela Justiça sobre o escandaloso Catargate, milhões de dólares do Catar que transitaram pelo seu gabinete com destino ao Hamas e ao bolso de dois assessores. Hoje, foi libertado um repórter do jornal Jerusalem Post, que fez uma entrevista com o primeiro-ministro catariano para alavancar a Copa do Mundo, suspeita de ter sido paga.  

“A minha entrevista foi orgulhosamente publicada. Nada estava escondido. Tudo foi feito com total transparência e com os mais altos padrões jornalísticos” — declarou o repórter Zvika Klein. Ele acrescentou que “não recebeu nada em troca”.

A Síria acusou nesta quinta-feira Israel de provocar sua desestabilização sob novo governo, com centenas de ataques aéreos e invasão de soldados ao sul nos últimos dias.  

A Turquia se juntou aos sírios na condenação: “Israel se tornou a maior ameaça à segurança regional” e é um “desestabilizador estratégico, causando o caos e alimentando o terrorismo”, disse a chancelaria turca em Ancara. E o chanceler israelense Gideon Saar respondeu: “A Turquia está fazendo o possível para ter a Síria como protetorado turco. É claro que essa é a intenção deles”. A guerra verbal entre Ancara e Jerusalem é antiga, e continua.

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