Uma delegação egípcia está em Israel com a esperança de reabrir as negociações para um cessar fogo em Gaza, agora pretendidas pelo Hamas. A proposta prevê um a dois meses de cessar-fogo, com a libertação aos poucos de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, e a abertura da porta de Rafah para a entrada de medicamentos e alimentos, sob supervisão europeia.
Os egípcios estão orquestrando a nova ofensiva pela trégua em Gaza com a equipe do presidente eleito Donald Trump e com o presidente Recep Erdogan, da Turquia, onde estão agora os líderes do Hamas expulsos de Doha, no Catar, depois de inúmeras tentativas de acordos para as quais disseram não. O presidente Joe Biden também se engajou nessa nova tentativa de cessar fogo em Gaza, embora improvável que consiga algo, mesmo um pequeno progresso, antes do final de seu mandato, em 20 de janeiro.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ao presidente Biden, por telefone, que apoiará as novas negociações com o Hamas. Para ele, porém, será uma missão impossível, pressionado pelas famílias dos reféns, que querem um acordo já, e por seus ministros de extrema-direita, que o abandonarão minoritário no Parlamento, se for adiante. Além disso, seu processo por três denúncias de corrupção deverá andar em dezembro. Sua sobrevida política depende de se manter no poder até o final de seu mandato, em 2026. Uma comissão de inquérito independente o culpou pelas falhas de inteligência que deram ao Hamas a chance de invadir Israel em 2023 e matar 1.200 israelenses.
Como se os problemas para um acordo com o Hamas não fossem poucos, o ministro da Habitação e Construção, Yitzchak Goldknopf, foi inspecionar locais para possíveis criações de colônias em Gaza, como as implantadas na Cisjordânia.
“Hoje eu visitei a Faixa de Gaza. O assentamento judaico aqui é a resposta ao terrível massacre e a resposta ao Tribunal Penal Internacional em Haia que, em vez de cuidar dos 101 reféns, optou por emitir mandados de prisão contra o primeiro-ministro e o ministro da defesa”, escreveu Goldknopf nas redes sociais. Como Israel vai devolver o que quer colonizar? As colônias em Gaza foram desmontadas com o acordo de paz com o Egito, na década de 70.
“Nossa Gaza, para sempre”, diz o Movimento de Assentamento de Nachala, cuja líder, Daniella Weiss, foi com o ministro Goldknopf visitar as futuras cidades judaicas em Gaza.
Os serviços de inteligência de Israel acreditam que 97 dos 254 reféns sequestrados em outubro de 2023 ainda estejam em Gaza, incluindo os corpos de 34, que morreram no cativeiro. O Hamas libertou 105 reféns durante uma trégua de uma semana no final de novembro, e outros quatro antes, porque doentes e idosos. Oito reféns foram resgatados vivos e 37 corpos recuperados, com três deles mortos por engano por soldados de Israel enquanto tentavam escapar. Ainda são prisioneiros dois civis israelenses que entraram em Gaza em 2014 e 2015.