Miranda diz que foi ameaçado por Onyx e pede que CPI determine a prisão do ministro

Deputado bolsonarista vai depor amanhã sobre supostas pressões para importar a Covaxin

Alexandre Bazzam

O deputado Luis Miranda ao lado de Bolsonaro
Reprodução

Deputado Luis Miranda (DEM-DF) pede que a CPI da Pandemia determine a prisão de Onyx Lorenzoni e Élcio Franco por se sentir ameaçado pelo pronunciamento feito na quarta-feira.

"Fui vítima, juntamente com meu irmão, de ameaças proferidas por ministro de Estado - o sr. Onyx Lorenzoni e o sr. Antônio Elcio Franco Filho - que contaram com o apoio de todo o aparato estatal da Presidência da República", escreveu ele em documento à CPI.

Miranda considera que o discurso dos representantes do governo foram com o intuito de atrapalhar os trabalhos da comissão e coagir o próprio deputado que vai prestar depoimento nesta sexta (24).

Fui vítima, juntamente com meu irmão, de ameaças proferidas por ministro de Estado

"Certamente que o momento escolhido para que o sr. Onyx viesse a público tem a ver, diretamente, com o intuito de coagir e reprimir as atividades desta CPI, com a perversão do devido processo legal, isto é, de prejudicar a espontaneidade de nossos depoimentos. A utilização de termos como "vai pagar na Justiça", "que Deus tenha pena do senhor", "trair o presidente Jair Bolsonaro", "traiu o Brasil", "se junta a todo mal que há na política brasileira" somente podem pretender amedrontar e ameaçar as testemunhas na véspera de seu depoimento", afirmou.

Miranda também pediu que a CPI encaminhasse um pedido de investigação à Procuradoria-Geral da República para apurar se as ameaças foram feitas a pedido do presidente Jair Bolsonaro.

O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), tem o mesmo entendimento que Miranda. "É uma declaração estapafúrdia. Foi ameaça, porque ameaçou, coagiu a testemunha, que está querendo colaborar com a transparência", disse o senador em entrevista à BandNews TV.

Onyx voltou a falar sobre a investigação contra Miranda e o irmão em entrevista a José Luiz Datena. "Ontem o presidente enviou durante a tarde para o ministro da Justiça, Anderson Torres, através da comunicação de uma notícia-crime, os fatos inverídicos relatados pelo parlamentar para que a Polícia Federal abra uma investigação. Hoje vamos apresentar à PGR e à CGU. Através de peritos, eles vão verificar a veracidade daqueles documentos", disse ele, sugerindo que os papéis podem ter sido adulterados.

O deputado denunciou que seu irmão Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, sofreu pressões atípicas para autorizar a importação da Covaxin. A vacina indiana é a mais cara de todas as compradas até o momento.

Ele afirmou que alertou Bolsonaro sobre a possibilidade de o contrato ter irregularidades e disse que o presidente concordou com as suspeitas, mas que não deu retorno desde o encontro, em 20 de março. "Seria uma decepção enorme, não só para mim, mas para milhões de brasileiros caso ele não tenha dado providência a essa denúncia", disse Miranda em entrevista à BandNews TV.

Em discurso nesta quinta-feira, Bolsonaro chamou a denúncia de fake news. "Se algo tiver errado, apuraremos", afirmou o presidente.

Tópicos relacionados

Mais notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.