A infectologista Luana Araújo ironizou a declaração do ministro Marcelo Queiroga à CPI da Pandemia de que teria desistido de nomeá-la por ela ter um perfil que não seria agregador no momento.
"Meu comportamento pró-ciência é desagregador. Se isso é a avaliação dele, de fato eu não tinha nada para fazer ali", disse ela em entrevista à BandNews TV.
Durante seu depoimento à CPI, Luana disse que não foi informada sobre o motivo para a sua não nomeação e que a decisão seria política de instância superior a Queiroga.
Ontem, o ministro contrariou a informação da médica e afirmou que ele mesmo tinha desistido da indicação 10 dias depois de anunciá-la com entusiasmo. O depoimento vai contra uma versão anterior do próprio Queiroga que atribuía a decisão ao regime presidencialista, dando a entender que o nome não agradava Bolsonaro.
Meu comportamento pró-ciência é desagregador. Se isso é a avaliação dele, de fato eu não tinha nada para fazer ali
Luana teria sido impedida de assumir a Secretaria de Combate à Covid por ter feito críticas ao tratamento precoce nas suas redes sociais. "Existia uma construção baseada em coisas antigas, mas que obviamente são sustentadas porque essa é a realidade das evidências, que foram trazidas para o momento atual e eu não sei exatamente qual era a intenção", disse ela.
A infectologista ressalta que no seu curto período no Ministério, a cloroquina não foi um tema abordado: "No meu período ali, eu nem me pronunciei. Vocês nem ouviram falar para a imprensa nem nada disso".
Desde que passou pela CPI, Luana vem sendo atacada nas redes sociais por simpatizantes de Bolsonaro e sua competência foi questionada.
Ela é formada pela UFRJ e passou a dar consultoria sobre a pandemia para diversos países depois de fazer um mestrado na Universidade Johns Hopkins, uma das mais respeitadas na área.
Algumas pessoas passaram a usar o fato de ela ter gravado um disco para desabonar suas capacidades. "Quando as pessoas utilizam arte para desabonar a competência profissional de uma pessoa, isso diz muito mais sobre quem ataca do que sobre o atacado", afirmou ela.
O desagrado dos bolsonaristas com Luana se deve ao fato de ela ter criticado duramente o uso de medicamentos com ineficácia comprovada para o tratamento da Covid-19. "Quando as pessoas não têm argumentos para contrapor, elas partem para atacar o mensageiro", brincou.