Segundo apuração do jornalista Túlio Amâncio, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, estava ciente do caso dos pacientes que receberam órgãos infectados com o vírus do HIV. A Secretaria de Saúde do RJ mandou a informação no dia 13 de setembro para o Ministério.
Porém, segundo as vítimas, não houve contato do ministério para qualquer auxílio no período, algo que só foi acontecer quase um mês depois, quando foi feita a publicação da reportagem pelo jornalista e diretor de conteúdo do Grupo Bandeirantes Rodolfo Schneider, na BandNews FM Rio.
O jornalismo da Band questionou o ministério sobre a atuação. A resposta veio na seguinte nota:
O Ministério da Saúde foi notificado, por meio eletrônico, em 13 de setembro, sobre o grave evento adverso possivelmente relacionado à doação de órgãos no estado do Rio de Janeiro. Diante da gravidade do caso, a pasta emitiu, de imediato, recomendações urgentes à Central de Transplantes do Rio de Janeiro e aos órgãos de controle, destacando as seguintes medidas principais:
1. Identificar de imediato e notificar as demais equipes transplantadoras, hospitais e receptores;
2. Revisar os protocolos de testagem dos doadores e os procedimentos de armazenamento de amostras;
3. Realizar a retestagem das amostras em laboratório de referência;
4. Informar à Hemorrede estadual e nacional;
5. Monitorar rigorosamente os receptores para a detecção precoce do vírus HIV e, se necessário, iniciar o tratamento com medicamentos antirretrovirais.
Desde 13 de setembro, uma investigação completa sobre o ocorrido foi iniciada pela Vigilância Sanitária Estadual (VISA) e pela Anvisa, incluindo uma análise detalhada dos procedimentos laboratoriais realizados antes e após a captação, além da revisão dos métodos de testagem utilizados na ocasião.
O Ministério também notificou formalmente os hospitais de referência onde os transplantes foram realizados, para que, em caso de confirmação dos casos, medidas imediatas de proteção e assistência especializada fossem adotadas para os pacientes e suas famílias.
O Ministério da Saúde reforça que a segurança dos receptores de transplantes e de sangue, assim como a integridade do Sistema Nacional de Transplantes e da Rede de Sangue e Hemoderivados, são prioridades absolutas da pasta.
Sigilo quebrado
A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo de dados eletrônicos e de mensagens dos envolvidos no caso de infecção por HIV em pacientes que receberam transplantes na rede de saúde estadual.
Os sócios e funcionários do laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, são os principais investigados. Ao todo, sete pessoas são investigadas. O laboratório é investigado por ter emitido laudos que diziam que dois doadores de órgãos não tinham HIV, quando na verdade eram positivos para o vírus. Seis pessoas que receberam os órgãos foram infectadas pelo vírus.
Funcionária se entrega
Hoje, a funcionária do PCS LAB que era considerada foragida se entregou na Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, nesta terça-feira (15). Jacqueline Iris Bacellar de Assis chegou por volta das 14h50 acompanhada da defesa.
Ela assinou um dos laudos dos doadores de órgãos soropositivos que geraram a contaminação de seis receptores por HIV. O documento apontava resultado negativo para o vírus e o transplante foi autorizado. Na assinatura do laudo, Jacqueline estava associada a um registro profissional de outra pessoa.