Marco Aurélio Mello defende a urna eletrônica e vê nas críticas ao sistema a “preparação para impugnar o resultado da eleição em 2022”.
Decano do Supremo, o ministro vai se aposentar compulsoriamente na segunda-feira da semana que vem (12), quando completa 75 anos. Ele estava no comando do Tribunal Superior Eleitoral nas primeiras eleições informatizadas, há 25 anos.
Segundo Marco Aurélio, o voto eletrônico “preserva a vontade do eleitor”, ao contrário do que muitas vezes acontecia antes.
“Eu presidi essas eleições. Antes havia impugnações e impugnações procedentes sob o ângulo da fraude. Com a urna eletrônica não. Ela preserva acima de tudo a vontade do eleitor e o eleitor recebe o comprovante de que compareceu à seção eleitoral. Eu não vejo porque agora se está com essa celeuma e se dando algum apoio a essa visão que para mim é distorcida e que eu não percebo ao não ser a preparação de campo para impugnar o resultado das eleições em 2022 eu não percebo qual a outra causa para colocar-se em dúvida a urna eletrônica”, disse.
Sete presidentes da República passaram pelo Planalto durante os 31 anos de Marco Aurélio Mello no Supremo. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, no Jornal Gente, o ministro fez uma avaliação da postura de Jair Bolsonaro, e indicou ser contra o impeachment.
“O presidente Jair Bolsonaro tem uma forma toda própria de tocar o governo. Parece que ele é afeito e que gosta das crises. Agora é o que digo sempre ele foi eleito por 47 milhões de eleitores, ele recebeu um mandato de quatro anos e deve cumprir normalmente esse mandato. Nós não devemos a toda hora estar pensando em apear o Presidente da República da cadeira que ele ocupa porque a repercussão é péssima em termos de segurança jurídica interna e externa. Vamos realmente observar o estado democrático de direito e aguardar as eleições subsequentes”, disse Mello.
Marco Aurélio Mello foi nomeado para o Supremo em 1990 pelo presidente Fernando Collor de Mello, que é primo dele. Sobre o sucessor, o ministro disse torcer para que a cadeira seja ocupada pelo atual advogado-geral da União, André Mendonça, ou pelo procurador-geral da República, Augusto Aras.
No entanto, ele diz que há outros bons nomes e lembra que, a exemplo da nomeação de Kássio Nunes Marques, o presidente Bolsonaro pode “surpreender”. “Eu me referi aos dois ao Dr. André Mendonça e ao Dr. Aras, que são os nomes mais comentados, mas disse também que nós temos Tribunais Superiores, os integrantes formam na clientela de acesso ao Supremo. Nós temos a academia, por exemplo, em São Paulo há um grande acadêmico da Fundação Getúlio Vargas, que é o Dr. Oscar Vilhena e temos outros candidatos. Agora devemos ter presente que o presidente gosta de surpreender”, disse.