O Jornal da Band trouxe nesta sexta-feira (29) uma denúncia sobre o caos no Amazonas. Médicos dizem ter alertado o governo federal há pelo menos dois meses que faltaria oxigênio nos hospitais.
Desde o começo do ano, o Brasil tem visto o desespero das famílias de pacientes internados em hospitais do Amazonas. A falta de oxigênio causou a morte de pelo menos 24 pessoas no Estado.
Segundo uma rede de médicos, empresas e gestores hospitalares, o colapso na saúde do Estado era iminente. E teria sido avisado com antecedência, já em novembro, inclusive ao ministro. A média de mortes à época era de 11 óbitos. Atualmente já passa de 150.
A denúncia é da gestora de saúde Maria Lima, que teve de fugir do Estado porque está sendo ameaçada de morte.
“Foi passada uma mensagem diretamente para o celular dele. O sindicato dos médicos também informou a ele, formalizou inclusive isso, tanto para o governo do estado, quanto para o governo federal”, relata a médica.
Segundo Lima, ao perceber que haveria falta de oxigênio, alguns hospitais teriam diminuído o fluxo nos respiradores - o que pode provocar sequelas aos pacientes no futuro.
O sindicato dos médicos vai além. Afirma que o governo já sabia da falta de oxigênio desde setembro de 2020.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a área técnica da pasta está apurando as denúncias feitas pelos médicos à Band.
Pazuello investigado
A Polícia Federal abriu nesta sexta-feira (29) um inquérito para apurar a acusação de omissão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, sobre o colapso na saúde do Amazonas em meio à pandemia do novo coronavírus.
A investigação vai tramitar no serviço de inquéritos especiais da PF, já que o ministro tem foro privilegiado.
A Procuradoria Geral da República também viu indícios de que Pazuello não tomou medidas a tempo de, pelo menos, diminuir o desabastecimento de oxigênio para tratamento de pacientes infectados pelo Estado.
Drama segue pelo Estado
Os hospitais amazonenses ainda sofrem com a falta de oxigênio e leitos. Nesta sexta-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse o que Amazonas deve continuar a ter 100 mortes por dia se os pacientes não forem transferidos para outros Estados.
A situação é tão grave que um assessor do Ministério da Saúde chegou a afirmar que, com as UTIs lotadas, muitos doentes podem morrer na rua.