Marielle: promotor diz que réus são 'sociopatas' e questiona arrependimento: 'É uma farsa'

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes; julgamento está no segundo dia

Por Karina Crisanto

Julgamento do caso Marielle
Tomaz Silva/Agência Brasil

Os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro questionaram o arrependimento demonstrado pelos réus Ronnie Lessa e Élcio Queiroz durante depoimento no julgamento do caso Marielle Franco e Anderson Gomes. 

“Que arrependimento é esse com algo em troca? Vocês já pediram arrependimento para alguém e falaram: ‘eu quero seu perdão se me derem algo em troca’? Porque foi isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores, não vieram se arrepender. Eles chegaram ao Ministério Público e pediram algo em troca para falar o que eles falaram”, declarou o promotor Eduardo Martins. 

“Até ontem, os dois estavam aqui negando todas as imputações. Negando, ‘eu não estava no carro, não fui eu, não tenho motivos para matar, nunca ouvi falar dessas pessoas, nunca ouvi falar de Marielle e Anderson’. Que arrependimento é esse que pede algo em troca?”, acrescentou a acusação. 

Eduardo Martins apresentou ao júri um slide e um documento sobre a investigação. No documento, o promotor mostra pesquisas feitas pelos réus antes do crime, incluindo o trajeto de Marielle. 

Antes, o promotor Fábio Vieira chamou os ex-policiais militares de “sociopatas” e chamou de “farsa” o arrependimento dos assassinos confessos da vereadora do Rio de Janeiro. 

"O que vocês viram ontem no interrogatório dos dois foi uma farsa. Na verdade, eles não estão com sentimento de arrependimento, eles estão com uma tristeza de terem sido pegos (...). Isso só aconteceu quando as provas que existem no processo, através do trabalho árduo do Ministério Público, junto com seguimentos da polícia, Defensoria e tudo mais, chegou à conclusão absoluta de que os executores eram aqueles, não tinham como eles fugirem disso", disse o promotor do Ministério Público. 

“Mas por que confessaram? Estão arrependidos? Não. Porque isso vai beneficiá-los de alguma forma. Isso é uma característica do sociopata. Ele não tem emoção em relação aos outros, não tem sentimento, não valores, não tem empatia"

O crime foi cometido em 14 de março de 2018. Naquele dia, Marielle participou de um compromisso na Casa das Pretas, na Lapa, centro da cidade. Quando o encontro terminou, a vereadora saiu com a assessora Fernanda Chaves, em carro dirigido pelo motorista Anderson. Quando passavam pelo bairro do Estácio, na Zona Norte, foram atingidos por treze disparos. Apenas Fernanda sobreviveu.

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