Os desencontros do governo do estado de São Paulo com a prefeitura da cidade não são recentes. As informações de bastidores são do jornalista Marco Antônio Sabino, na Rádio Bandeirantes. Ouça a coluna “Insights” acima.
Quando a prefeitura da capital anunciou a antecipação da vacinação em idoso com 85 anos o governador não gostou. Outro momento foi quando o secretário municipal da saúde, Edson Aparecido, denunciou ao vivo que pessoas furavam fila para tomar a vacina no Hospital das Clínicas, que é gerido pelo Estado.
Também quando o Doria fechou bares e restaurantes, o governador disse que a fiscalização era de responsabilidade da prefeitura, enquanto o município, por sua vez, acredita que a responsabilidade é da Polícia Militar, ligada ao Estado.
Bruno Covas e João Doria tem muitos desentendimentos por terem estilos diferentes. Os dois só coincidem em um ponto: são pragmáticos, como bons políticos.
Por isso, os dois evitam um embate público se o motivo não for exclusivamente político.
Doria faz sempre cálculos e movimentações pensando na presidência da república.
Já Bruno assimilou os golpes no silêncio, mas anota em um caderno para revidar na hora certa.
Depois da troca de farpas desta sexta-feira (19) a aposta é de uma reconciliação rápida entre os dois, já que há uma dependência mútua nas ações da pandemia.
Doria se sentou pressionado pelas medidas anunciadas por Covas e pelas reclamações dos prefeitos do litoral e do ABC sobre a adoção de lockdown na região e se irritou.
É fato que a decisão de antecipar feriados foi exclusiva do prefeito de SP, mas o governo do estado foi avisado – na coletiva de ontem, o secretário Jean Gorintcheyn estava presente nos anúncios.
Mais cedo, a repórter Bruna Barboza questionou o governador sobre as decisões anunciadas pela prefeitura e Doria afirmou que faltava “bom senso” na prefeitura.