Manifestantes ateiam fogo em estátua de Borba Gato em São Paulo

Grupo "Revolução Periférica" assumiu autoria do incêndio contra obra que homenageia bandeirante

Da Redação, com BandNews FM

Estátua de Borba Gato foi incendiada em Santo Amaro, zona sul da capital
Gabriel Schlickmann/iShoot/Folhapress

Manifestantes bloquearam a avenida Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro, na zona sul de São Paulo, no início da tarde deste sábado (24) para incendiar a estátua do bandeirante Borba Gato.

O Corpo do Bombeiros controlou as chamas, mas ainda não se sabe se a estrutura da obra foi comprometida. O cruzamento da Adolfo Pinheiro com a Rua Bela Vista chegou a ser interditado e o trânsito na região acabou desviado.

Segundo informações da Polícia Militar, um grupo de homens desceu de um caminhão, ateou fogo em pneus na base da estátua e fugiu. Ninguém foi preso até agora. Confira o vídeo:

Um grupo chamado 'Revolução Periférica' assumiu a autoria do incêndio na estátua. A motivação, segundo eles, foi "protestar contra a homenagem a um bandeirante conhecido pelo papel de promover a escravidão de negros e indígenas".

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Quem foi Borba Gato?

Manuel de Borba Gato (1649-1718) é um dos bandeirantes mais conhecidos por expedições ao interior do Brasil em busca de ouro e outras riquezas e atuante em conflitos como a Guerra dos Emboabas (1707-1709), contra a cobrança de impostos sobre o ouro por parte da coroa portuguesa. Também foi genro de outro bandeirante, Fernão Dias.

O escritor Alcântara Machado, em sua obra “Vida e Morte do Bandeirante” (1929), revelou que para além do espírito aventureiro e desbravador, bandeirantes matavam ou escravizavam indígenas e negros, estupravam mulheres e foram responsáveis pelo genocídio de algumas etnias durante suas incursões pelo interior, versão defendida também por vários historiadores.

A estátua foi inaugurada em janeiro de 1963 e foi criada pelo escultor Júlio Guerra, que demorou seis anos para concluir sua obra, que tem 13 metros de altura no total e fica localizada no bairro de Santo Amaro, zona sul da capital.

Ela passaria a ser contestada e alvo de críticas e ataques por conta do passado bandeirante descrito por Machado. Existem movimentos que pedem a retirada da obra por conta de reparação histórica à memória dos povos indígenas subjugados pelos bandeirantes no período colonial.

Em 2016, a estátua já havia sido atacada e manchada com tinta.

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