Mais da metade dos pacientes com câncer atrasaram tratamentos por causa da pandemia no mundo. As informações são da repórter Giovanna De Boer, da Rádio Bandeirantes.
No ano passado, o Rafael Vitalli, começou a sentir algumas dores no pé, aparentemente normais. Ele foi ao médico e os exames que estavam marcados para meio de março, início da pandemia, foram remarcados para o segundo semestre, em setembro.
O empresário, de 34 anos, conta que com os hospitais evitando pacientes que não apresentavam sintomas da Covid-19, o diagnóstico do câncer demorou para ser descoberto.
“Foi um balde de água gelada, porque eu nem esperava. Só que quando a gente foi começar o tratamento, antes no começo do ano, esse tumor era bem pequeno, do tamanho de uma azeitona pequena. Só que com a pandemia, tudo fechado e os hospitais evitando receber casos que não eram urgentes quando chegou o final do ano já era [o tumor] do tamanho de uma laranja”, contou Vitalli.
Com a demora no diagnóstico, o tratamento também mudou. O que seria uma rápida cirurgia de remoção do tumor, foi transformado em procedimentos ainda mais agressivos para o organismo com rádio e quimioterapia.
O Rafael é um exemplo prático do que aconteceu com mais da metade dos pacientes com câncer no mundo que atrasaram tratamento por conta da pandemia.
Segundo o estudo do Hospital Sírio-Libanês e a Organização Mundial da Saúde os médicos também relataram que em 60% dos casos houve atraso no diagnóstico.
Por causa da pandemia, os recursos que antes eram destinados para o tratamento do câncer foram redirecionados para pacientes com coronavírus.
Os atrasos tanto na identificação do tumor quanto nos tratamentos prejudicam os pacientes oncológicos, afirma a coordenadora da pesquisa, Rachel Riera.
“Quais são as consequências que a gente espera desse atraso no diagnóstico? Ele vai ter um tratamento iniciado mais tardiamente em uma fase mais avançada da doença e com isso ter uma menor sobrevida ou menos probabilidade de ter uma boa resposta ao tratamento”, explicou Rachel.
A queda nos diagnósticos de câncer desde o começo da pandemia foi de 77% em comparação com 2019.