Maioria dos jovens alemães não se interessa por política, diz pesquisa

Menos de 1 a cada 10 acredita que os partidos políticos estão abertos às opiniões de jovens. Paz, saúde mental, educação e inflação são temas de interesse desta faixa etária.

Por Deutsche Welle

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Uma pesquisa realizada pelo instituto alemão Verian divulgada nesta quinta-feira (12/12) aponta que a maioria dos jovens que vivem na Alemanha não acredita que a participação política tenha qualquer poder de promover mudanças na sociedade.

De acordo com o estudo, menos de um em cada cinco jovens acredita que poderia fazer a diferença por meio do comprometimento pessoal e cerca de 38% dos entrevistados expressaram desconfiança com a política.

Para cerca de 40% dos entrevistados, as condições sociais da população não podem ser mudadas, e metade diz que frequentemente se sente sobrecarregado pelos problemas do mundo.

Partidos políticos

Quando se trata de engajamento por meios tradicionais, como os partidos políticos, os resultados são ainda mais incisivos. Menos de um em cada 10 entrevistados, por exemplo, acredita que as siglas estão abertas às ideias dos jovens e apenas 8% defendem que o establishment político leva as preocupações da população desta faixa etária a sério.

Cerca de metade dos entrevistados entende que não há oportunidades suficientes para os jovens participarem da política além do voto nas eleições. Muitos sentem que há obstáculos demais, que os impedem de se envolver.

Os resultados chegam no momento em que o país se prepara para uma nova eleição nacional, que deve acontecer em fevereiro de 2025, após o colapso do governo de coalizão do chanceler federal Olaf Scholz. A pesquisa ouviu 2,5 mil pessoas entre 16 e 30 anos.

O que poderia melhorar a situação?

Para a Fundação Bertelsmann, que encomendou o relatório, os números mostram que os políticos não estão fazendo o suficiente para se aproximar dos cidadãos desta faixa etária.

Apesar do desânimo com os partidos políticos, a fundação — que busca promover a mudança social incentivando o envolvimento civil — afirmou que a falta de engajamento entre os jovens não se origina de uma rejeição à democracia.

Dos entrevistados, 61% disseram acreditar que essa forma de governo é a melhor possível, apesar de seus problemas.

No entanto, quase metade disse que estava insatisfeita com a forma como a democracia funciona na Alemanha — uma proporção maior no leste do que no oeste.

"Os jovens seriam mais ativos politicamente se soubessem que seus esforços estão realmente tendo impacto e que seus argumentos estão sendo ouvidos", disse a especialista da fundação em juventude e democracia, Regina von Görtz.

"Isso seria sua maior motivação. Por isso, os políticos precisam fazer um trabalho melhor do que antes para se aproximar dos jovens, valorizar suas opiniões e envolvê-los nas decisões", completou. Questões de interesse particular para os mais jovens incluem paz, saúde mental, educação e inflação.

Ultradireita aposta no público jovem

Enquanto a juventude alemã se mostra cada vez menos interessada em participar politicamente, cresce a fatia dos cidadãos desta faixa etária que se diz mais propensa a votar nas políticas defendidas pela ultradireita.

Como a DW mostrou, o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão), angaria cada vez mais adeptos desta faixa etária às pautas anti-imigração. Em estudo divulgado em abril, a AfD foi a sigla preferida de 22% dos 2 mil entrevistados entre 14 e 29 anos – a maior taxa entre os partidos políticos alemães.

Esse percentual é mais do que o dobro do registrado há dois anos. Em 2022, apenas 9% dos jovens disseram que votariam na AfD em eleições parlamentares.

gq (DW, dpa, KNA)

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