Lula sobre acordo UE-Mercosul: 'Queremos uma política de ganha-ganha'

No 'Conversa com Presidente' desta terça (4), Lula reforçou que o Mercosul ‘não quer imposições’ e que ‘não quer fazer uma política que eles ganham e a gente perca’

Da Redação

Lula sobre acordo UE-Mercosul: 'Queremos uma política de ganha-ganha'
Lula durante o Conversa com Presidente desta terça-feira (4)
Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (4), durante o programa “Conversa com Presidente”, que o Mercosul prepara uma carta de resposta às exigências impostas pela União Europeia para a conclusão de acordo. O petista reforçou que os países sul-americanos querem uma política de “ganha-ganha” entre os blocos. 

“Eles (União Europeia) mandaram uma carta impondo algumas condições, mas nós não aceitamos a carta, mas agora estamos preparando uma outra resposta”, declarou o presidente. “Agora nós vamos para Bruxelas discutir com a UE e os países da América Latina e nós precisamos ter uma resposta sobre o que nós queremos para consolidar o acordo”, acrescentou. 

Em discurso no Novo Pacto de Financiamento Global no mês passado, em Paris, o petista chamou as exigências impostas pela União Europeia para concluir o acordo com o Mercosul de “ameaças”. No programa desta terça, Lula reforçou que o bloco da América Latina “não quer imposições” e que “não quer fazer uma política que eles ganham e a gente perca”. 

“Nós queremos uma política de ganha-ganha. A gente não quer fazer uma política que eles ganham e a gente perca. Por exemplo, eles querem que a gente abra mão de compras governamentais, ou seja, é aquilo que o governo compra de empresas brasileiras. Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar de empresas estrangeiras, a gente vai matar pequenas e médias empresas do país e pequenos e médios empreendedores e vamos matar muitos empregos aqui no Brasil”, pontuou. 

Para Lula, o Mercosul quer discutir o acordo de parceiros estratégicos e os blocos vão conversar para ver o que é bom para os europeus, para a América Latina, para o Mercosul e para o Brasil. 

Meio ambiente 

Lula também comentou sobre as condições impostas pela União Europeia ao Mercosul no que diz respeito a energias limpas. Para o presidente, nenhum país tem autoridade moral para discutir com o Brasil sobre o assunto. 

Ele assegurou que “agora vamos diminuir o desmatamento, respeitar os indígenas, cuidar das nossas reservas florestais e respeitar terras quilombolas. Da sua matriz energética, 87% da energia [elétrica] brasileira é renovável. O mundo só tem 27%. Se você pegar a matriz energética como um todo, envolvendo combustível, o Brasil tem 50% de energia limpa. O mundo tem 15%. O Brasil tem muita autoridade moral para cuidar corretamente da preservação da nossa floresta.” 

Desmatamento zero

Lula lembrou que o governo brasileiro assumiu o compromisso de chegar ao desmatamento zero até 2030 e reforçou que a meta será cumprida. 

“Queremos discutir um acordo, mas não queremos imposição para cima de nós. É um acordo de companheiros, de parceiros estratégicos. Então, nada de um parceiro estratégico colocar espada na cabeça do outro. Vamos sentar, vamos tirar nossas diferenças e vamos ver o que é bom para os europeus, para os latino-americanos, para o Mercosul e para o Brasil.” 

“Para todos eles (líderes europeus), eu disse que a carta era inaceitável. Tal como ela foi escrita, ela era inaceitável e é inaceitável. Você não pode imaginar que um parceiro comercial seu pode impor condições. ‘Se você não fizer tal coisa, eu vou te punir. Se você não cumprir o acordo de Paris, eu vou te punir.’ Acontece que os países ricos não cumprem um dos acordos. Não cumpriram o Protocolo de Kyoto, as decisões de Copenhague, do Rio 2002 e não vão cumprir o Acordo de Paris,”, finalizou o petista. 

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