No Brics, Lula diz que 'inocentes pagam preço pela insanidade da guerra’

Lula participou de uma reunião virtual e extraordinária do Brics sobre a situação em Gaza. Em discurso, o petista defendeu 'um Estado palestino viável'

Da Redação

No Brics, Lula diz que 'inocentes pagam preço pela insanidade da guerra’
Lula durante a Cúpula do Brics, na África do Sul, agosto de 2023
Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta terça-feira (21) de uma reunião extraordinária e virtual do bloco do Brics sobre a situação na Faixa de Gaza. Em discurso, o líder brasileiro defendeu “um Estado palestino viável” e declarou que “inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra”. 

O Brics reúne os seguintes países: Brasil, Índia, China, África do Sul e Rússia. Além dos membros do bloco, participaram da reunião representantes de Etiópia, Emirados Árabes, Irã, Egito e Argentina, países que devem integrar o grupo a partir de 2024. 

“Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos. O elevado números de mortos — mais de 12 mil pessoas, sendo cinco mil crianças — nos causa grande consternação”, declarou Lula. 

Em discurso, o presidente do Brasil declarou, ao concordar com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, que Gaza está se tornando um cemitério de crianças. “Além disso, ao menos 1,6 milhão de pessoas — cerca de 70% da população de Gaza — tiveram de abandonar suas casas, sem perspectiva de retorno”, pontuou. 

Lula também afirmou que o conflito na região “decorre de décadas de frustração e injustiça, representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”. O petista declarou que é fundamental acompanhar a situação na Cisjordânia com atenção, “onde os assentamentos ilegais israelenses continuam a ameaçar a viabilidade de um Estado palestino”. 

“O reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas, é a única solução possível. Precisamos retomar com a maior brevidade possível o processo de paz entre Israel e Palestina”, disse Lula. 

Escalada do conflito 

Lula afirmou que é preciso evitar que o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas se alastre para os países vizinhos. “Devemos atuar para evitar que a guerra se alastre para os países vizinhos. É valiosa e imprescindível a contribuição do Brics, em sua nova configuração, junto a todos os atores em favor da autocontenção e da desescalada”, disse. 

“Temos longa experiência nacional que reforça nossa fé na paz criada por justa negociação diplomática. Em segundo lugar, não podemos esquecer que a guerra atual também decorre de décadas de frustração e injustiça, representada pela ausência de um lar seguro para o povo palestino”, acrescentou. 

ONU 

Durante o discurso, Lula reforçou que causa perplexidade que mais de 100 funcionários da Organização das Nações Unidas tenham morrido no conflito na Faixa de Gaza, iniciado em 7 de outubro, após a invasão do grupo terrorista Hamas ao território israelense. 

Lula ainda disse que quando o Brasil presidiu o Conselho de Segurança em outubro, o país não poupou esforços “em favor do tratamento da emergência humanitária, da contenção da atual escalada e da retomada de uma solução duradoura para o conflito”. Na época, a resolução brasileira foi vetada pelos Estados Unidos. 

“Propusemos uma Resolução que contou com o apoio da maioria dos membros, mas que infelizmente foi objeto de veto de um dos membros permanentes. A paralisia do Conselho é mais uma demonstração da urgência da sua reforma”, declarou. 

Em 15 de novembro, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução de Malta, que foca na proteção de crianças. “Neste momento, o desafio é fazer com que a trégua humanitária determinada pela Resolução seja implementada imediatamente. Novamente, a credibilidade das Nações Unidas está em jogo”, afirmou. 

O conflito 

No dia 7 de outubro, o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, lançou um ataque surpresa de mísseis contra Israel, com incursão de combatentes armados por terra, matando civis e militares e fazendo centenas de reféns israelenses e estrangeiros. Em resposta, Israel bombardeou várias infraestruturas do Hamas, em Gaza, e impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica. 

A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. 

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