Lula não se reúne com Zelensky no G7: 'A decepção foi dele', diz ucraniano

Presidentes de Brasil e Ucrânia não tiveram espaço na agenda para uma reunião bilateral em Hiroshima, no Japão

Da redação

Volodymir Zelensky explicou por que não se encontrou com Lula
Louise Delmotte/Reuters

O presidente da Ucrânia, Volodymir Zelensky, disse em entrevista coletiva que não conseguiu se encontrar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a reunião da cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, por problemas de agenda. Zelensky afirmou ainda que quem ficou decepcionado por não ter ocorrido o encontro foi Lula.

“Nós não temos nenhuma prova nem evidências de que o Brasil, a China e a Índia estejam enviando armas para a Rússia”, disse Zelensky. “Eu vou ser franco com você. Eu estava em contato com certos líderes não para ter algum passo da parte da deles. Esse é o primeiro ponto. Em segundo lugar, é muito importante para nós permanecermos unidos juntos. Este é um sinal importante e um passo. E é muito importante e uma tarefa envolver todo mundo em uma fórmula de paz que é baseada na nossa experiência e nas nossas propostas, que eu apresentei no G20, na Indonésia, no ano passado”. 

“Em algum momento, no passado, trabalhamos muito bem e hoje precisamos envolver a maior parte dos países possível. Eu acho que seria uma pressão política muito importante para o agressor. E é por isso que prestamos atenção e dedicamos tempo a essas conversas. Sobre a situação dos meus encontros, eu encontrei todos, quase todos, todos os líderes. E todos tiveram que mudar agendas. Então acho que foi por isso que não pude me encontrar com o presidente brasileiro.”

Perguntado se ficou decepcionado por que não conseguiu horário com o Lula, o presidente da Ucrânia respondeu: “Eu acho que a decepção foi dele”.

O governo brasileiro disse que a possibilidade de uma reunião entre Lula e Zelensky chegou a ser negociada, e uma sala de reunião foi montada para o encontro, mas por incompatibilidade de agendas, o encontro bilateral não aconteceu. Ainda de acordo com o governo, o presidente Lula chegou a oferecer mais de um horário, mas a equipe do presidente ucraniano não conseguiu encaixar a reunião na agenda de Volodymyr Zelensky.

Frente a frente

Zelensky e Lula sentaram-se frente a frente na reunião do G7 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

No seu discurso, Lula afirmou: “Repudiamos veementemente o uso da força como meio de resolver disputas. Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”.

Os países do G7 pressionam Brasil e Indonésia a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, mas estes países adotam do discurso da neutralidade. Lula, inclusive, defendeu mudanças no Conselho de Segurança da ONU, uma nova mentalidade para buscar a paz, e disse que uma nova Guerra Fria seria uma insensatez.

No encontro, que teve como tema “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero”, Lula disse que o conselho “encontra-se mais paralisado do que nunca”. Ao falar de paz, afirmou que “membros permanentes continuam a longa tradição de travar guerras não autorizadas pelo órgão, seja em busca de expansão territorial, seja em busca de mudança de regime”.

O brasileiro ficou ao lado de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Justin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, enquanto o ucraniano sentou-se ao lado dos primeiros-ministros do Vietnã, Pham Minh Chinh, e da Índia, Narendra Modi.

Zelensky chegou no sábado (20) ao Japão, sendo recebido pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Neste domingo (21), o presidente da Ucrânia se reuniu com Joe Biden e com Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão, com quem visitou o memorial às vítimas da bomba de Hiroshima, lançada pelos Estados Unidos, que matou mais de 70 mil japoneses na Segunda Guerra Mundial.

O ucraniano também posou para fotos com os sete líderes do G7.

Já Lula teve neste domingo reuniões com o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; da Índia, Narendra Modi; com o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres; com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh; com o presidente da União das Comores, Azali Assoumani; e com conglomerados empresariais e banco de financiamento japonês.

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