Lula menciona “criar condições” sobre uso do BNDES em gasoduto na Argentina

Para o presidente, existe interesse do empresariado brasileiro no gasoduto que ligará a Patagônia ao Brasil

Por Édrian Santos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brasil criará as condições para financiar, por meio do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), o projeto do gasoduto que deve levar gás natural da Patagônia (Argentina) para o Rio Grande do Sul. Segundo ele, há interesse dos empresários brasileiros, o que motiva a iniciativa entre os dois países.

“Se há interesse dos empresários e se há interesse do governo, e nós temos um banco para isso, eu quero dizer que nós vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente puder fazer para ajudar o gasoduto argentino”, disse o presidente após ser questionado por jornalistas.

Para o petista, existe interesse do empresariado brasileiro no gasoduto da bacia de Vaca Muerta e em outras demandas econômicas e financeiras da Argentina.

“Eu tenho certeza de que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto. Eu tenho certeza de que os empresários brasileiros têm interesse nos fertilizantes que a Argentina tem. Eu tenho certeza de que os empresários brasileiros têm interesse no conhecimento científico e tecnológico da Argentina”, continuou Lula.

Enquanto discursava, Pedro Fernández, presidente da Argentina, reforçou o interesse do país em receber apoio brasileiro para a construção do gasoduto. Além disso, o líder deixou claro que o país que governa precisa da eletricidade produzida em terras brasileiras.

Moeda comum

Além disso, Lula disse ser entusiasta da ideia de uma moeda em comum entre Brasil e Argentina. Os dois países estudam a possibilidade. Inclusive, já houve reuniões entre as equipes econômicas brasileira e argentina sobre o tema. Na prática, o dispositivo deve ser usado apenas em transações financeiras e comerciais voltadas a importação e exportação. O real e o peso, por exemplo, permaneceriam.

“O que nós estamos tentando trabalhar, agora, é que nossos ministros da Fazenda, cada um com sua equipe econômica, possa nos fazer uma proposta de comércio exterior e de transações entre os dois países que sejam feitos numa moeda comum, a ser construída com muitos debates, muitas reuniões”, pontuou Lula.

No último domingo (22), foi ao ar uma entrevista de Fernández ao Canal Livre, ocasião em que ele defendeu o que chamou de “moeda única” ao dizer que, para isso, só depende do Brasil.

“Temos falado muito com Lula sobre isso. E o Haddad fala muito disso. E nos parece que seria um enorme passo. Porém, sendo franco, a definição para que haja uma moeda única depende, basicamente, do Brasil, como o euro dependeu da Alemanha”, disse Fernández. “Claro que seria muito bom para o intercâmbio comercial ter uma moeda única como referência para a região. Seria incrível”, continuou.

Acordos bilaterais

Os ministros de Lula, a exemplo dos titulares da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e da Fazenda, Fernando Haddad, assinaram acordos bilaterais. Em cerimônia na Casa Rosada, sede do governo argentino, o líder brasileiro cumpre a primeira agenda internacional neste mandato.

Em discurso, Fernández disse que a conversa que teve com Lula, inicialmente, dedicou-se à “integração maior” entre os dois países. Depois, discutiram a forma como tornaram mais eficiente o Mercosul.

“Em mim, você tem um amigo incondicional. E você tem milhões de amigos e amigas argentinas”, disse Fernández.

Retomada de relações

Como esperado, Lula reforçou maior unidade regional na América do Sul e América Latina. Sobre a Argentina, o presidente brasileiro ressaltou a importância do vizinho, já que o país é o terceiro maior parceiro do Brasil.

“Hoje, é a retomada de uma relação que nunca deveria ter sido truncada. A minha presença, como primeira viagem feita depois da minha eleição a um país estrangeiro, é para dizer ao meu amigo, Alberto Fernández, que nós vamos reconstruir aquela relação de paz, aquela relação produtiva, aquela relação avançada de dois países que nasceram para crescer, desenvolver e gerar melhores condições de vida para o povo”, pontuou Lula.

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