O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta sexta-feira (18) sua primeira viagem à Europa desde que venceu a eleição para a Presidência da República. Lula chegou na manhã desta sexta a Portugal, onde vai se encontrar com o presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, e o primeiro-ministro, Antonio Costa, em Lisboa.
Os dois são aliados antigos do petista, que trata as reuniões como o começo da reaproximação do Brasil com a União Europeia.
Em julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), então pré-candidato à reeleição, cancelou uma audiência com o presidente de Portugal, depois que ele se encontrou com Lula.
Lula foi pessoalmente convidado pelo governo português. Ele se encontrará com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no fim tarde (14h em Brasília) e com o primeiro-ministro do país, António Costa, durante a noite (17h em Brasília).
Na pauta das conversas deverão estar meio ambiente e clima, relações econômicas e aprofundamento dos laços sociais. É um encontro simbólico, dado que o presidente eleito ainda não tem status de chefe de Estado, mas é encarado pelo PT como um marco para a retomada da melhoria das relações entre o Brasil e a União Europeia.
Como Lula repetiu durante toda a campanha, é consenso entre a atual equipe de transição que o elo foi abalado durante a gestão Jair Bolsonaro. Em seus discursos, o petista repetiu com frequência que o Brasil foi isolado do mundo e, já na largada, quer indicar que fará o caminho contrário.
Durante a COP, já recebeu também um aceno do presidente francês, Emmanuel Macron, que celebrou a volta do presidente eleito às conferências internacionais e apoiou publicamente a ideia de realizar uma COP na Amazônia.
O futuro governante brasileiro deve voltar ao País neste sábado.
O governo da Noruega e a equipe de transição de Lula preparam um esforço conjunto para a reestruturação imediata do Fundo Amazônia.
De acordo com o governo norueguês, a ideia é retomar os pagamentos logo nos primeiros dias do terceiro mandato do petista.
O dinheiro para financiar o combate ao desmatamento foi congelado em 2019, depois que o governo Bolsonaro alterou a forma de governança do Fundo Amazônia.
Na quinta-feira, Lula teve uma reunião bilateral com o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega na Conferência do Clima da ONU, em Sharm el-Sheik, no Egito.
Teto
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, afirma que o governo de Lula vai trabalhar em um plano para cortar despesas e buscar a retomada do superávit primário.
De acordo com o coordenador da transição, o objetivo é reduzir o endividamento público, que hoje está em 58% do PIB (Produto Interno Bruto).
Alckmin disse, no entanto, que o superávit com queda na dívida “não se faz em 24 horas”.
O vice eleito prometeu ainda a apresentação de uma espécie de plano de voo com as futuras ações da gestão, o que inclui, segundo ele, a aprovação de uma reforma tributária.
Em uma carta publicada no jornal “Folha de São Paulo”, os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan rebatem os ataques de Lula ao teto de gastos e ao mercado financeiro.
Na quinta, na COP 27 (Conferência do Clima das Nações Unidas), o presidente eleito disse que não se importava se a Bolsa ia cair e o dólar subir, caso defendesse o fim da regra fiscal para fazer investimentos em áreas sociais.
Lula ainda atribuiu as oscilações do mercado a especuladores.
Na carta, os economistas escreveram que compartilham da preocupação social e civilizatória do petista, mas destacaram que a responsabilidade fiscal não é um obstáculo à responsabilidade social.
O desafio, segundo eles, é tomar providências que não criem problemas maiores do que aqueles que precisam ser resolvidos.
Ligados ao PSDB, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan apoiaram a candidatura de Lula nas eleições de outubro.
Fraga foi presidente do Banco Central, Malan foi ministro da Fazenda no governo FHC e junto com Edmar Bacha fez parte da equipe que formulou o Plano Real.