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Lula faz escala em Portugal para retomar elo com União Europeia

Presidente eleito foi pessoalmente convidado pelo governo português

Da Redação

Presidente português Marcelo Rebelo de Sousa ao lado de Lula Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta sexta-feira (18) sua primeira viagem à Europa desde que venceu a eleição para a Presidência da República. Lula chegou na manhã desta sexta a Portugal, onde vai se encontrar com o presidente português, Marcelo Rebelo de Souza, e o primeiro-ministro, Antonio Costa, em Lisboa.  

Os dois são aliados antigos do petista, que trata as reuniões como o começo da reaproximação do Brasil com a União Europeia.  

Em julho deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (PL), então pré-candidato à reeleição, cancelou uma audiência com o presidente de Portugal, depois que ele se encontrou com Lula.  

Lula foi pessoalmente convidado pelo governo português. Ele se encontrará com o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa, no fim tarde (14h em Brasília) e com o primeiro-ministro do país, António Costa, durante a noite (17h em Brasília).

Na pauta das conversas deverão estar meio ambiente e clima, relações econômicas e aprofundamento dos laços sociais. É um encontro simbólico, dado que o presidente eleito ainda não tem status de chefe de Estado, mas é encarado pelo PT como um marco para a retomada da melhoria das relações entre o Brasil e a União Europeia.

Como Lula repetiu durante toda a campanha, é consenso entre a atual equipe de transição que o elo foi abalado durante a gestão Jair Bolsonaro. Em seus discursos, o petista repetiu com frequência que o Brasil foi isolado do mundo e, já na largada, quer indicar que fará o caminho contrário.

Durante a COP, já recebeu também um aceno do presidente francês, Emmanuel Macron, que celebrou a volta do presidente eleito às conferências internacionais e apoiou publicamente a ideia de realizar uma COP na Amazônia.

O futuro governante brasileiro deve voltar ao País neste sábado.  

O governo da Noruega e a equipe de transição de Lula preparam um esforço conjunto para a reestruturação imediata do Fundo Amazônia.  

De acordo com o governo norueguês, a ideia é retomar os pagamentos logo nos primeiros dias do terceiro mandato do petista.  

O dinheiro para financiar o combate ao desmatamento foi congelado em 2019, depois que o governo Bolsonaro alterou a forma de governança do Fundo Amazônia.  

Na quinta-feira, Lula teve uma reunião bilateral com o ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega na Conferência do Clima da ONU, em Sharm el-Sheik, no Egito.  

Teto

O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, afirma que o governo de Lula vai trabalhar em um plano para cortar despesas e buscar a retomada do superávit primário.  

 De acordo com o coordenador da transição, o objetivo é reduzir o endividamento público, que hoje está em 58% do PIB (Produto Interno Bruto).  

 Alckmin disse, no entanto, que o superávit com queda na dívida “não se faz em 24 horas”.  

 O vice eleito prometeu ainda a apresentação de uma espécie de plano de voo com as futuras ações da gestão, o que inclui, segundo ele, a aprovação de uma reforma tributária.  

 Em uma carta publicada no jornal “Folha de São Paulo”, os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan rebatem os ataques de Lula ao teto de gastos e ao mercado financeiro.  

Na quinta, na COP 27 (Conferência do Clima das Nações Unidas), o presidente eleito disse que não se importava se a Bolsa ia cair e o dólar subir, caso defendesse o fim da regra fiscal para fazer investimentos em áreas sociais.  

Lula ainda atribuiu as oscilações do mercado a especuladores.  

Na carta, os economistas escreveram que compartilham da preocupação social e civilizatória do petista, mas destacaram que a responsabilidade fiscal não é um obstáculo à responsabilidade social.  

O desafio, segundo eles, é tomar providências que não criem problemas maiores do que aqueles que precisam ser resolvidos.  

Ligados ao PSDB, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan apoiaram a candidatura de Lula nas eleições de outubro.  

Fraga foi presidente do Banco Central, Malan foi ministro da Fazenda no governo FHC e junto com Edmar Bacha fez parte da equipe que formulou o Plano Real.  

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