O presidente Luiz Inácio Lula da Silva relembrou o período na prisão e disse que, à época, "só vai ficar bem quando eu foder com o Moro" era sua resposta de sempre quando perguntado sobre como estava pelos procuradores e delegados que o visitavam formalmente. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao Brasil 247 nesta terça-feira (21).
“De vez em quando um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar, se estava tudo bem. Entravam três ou quatro procuradores e perguntava ‘tá tudo bem?’. Eu falava ‘não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro’. Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí…”, disse Lula.
Ao se dar conta da palavra que usou no último trecho da fala, o presidente riu e pediu para que o termo fosse cortado. A entrevista estava sendo transmitida ao vivo no canal de YouTube do portal, no entanto.
Depois, Lula acrescentou que dizia às autoridades iria "se vingar dessa gente" ao provar sua inocência.
Resposta de Sergio Moro
O ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR) repudiou as afirmações em conversa com a CNN também na terça-feira. Ele afirmou que a fala "de baixo calão" demonstra "desequilíbrio".
Segundo o senador, a declaração de Lula é uma tentativa de desviar a atenção, porque o arcabouço fiscal - estratégia do Ministério da Fazenda para equilibrar receitas e despesas - não foi apresentado até o momento.
“Foi prometido a semana inteira que haveria uma âncora fiscal e havia expectativa para ser divulgada antes da reunião do Copom, do Banco Central. E aí tínhamos perspectiva de redução de juros. No final, não teve nada", afirmou Moro.
O parlamentar apontou que o presidente estava "se vingando da população brasileira" ao não apresentar resultados econômicos. “Disse que ia ter picanha, cerveja para todo mundo e nós vemos na verdade um crescimento econômico pífio”.
Politização do plano de homicídios
Nesta quarta-feira (22), a Polícia Federal deflagrou a Operação Sequaz para desarticular organização criminosa que planejava matar servidores públicos e autoridades, como Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Saiba mais no vídeo abaixo.
Políticos e perfis anônimos usaram as redes sociais para tecer associações entre a fala de Lula e o plano de ataques. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chamou a tentativa de politizar a operação de mau-caratismo.
"É vil, leviana e descabida qualquer vinculação desses eventos com a política brasileira", disse Dino durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (22).
Dino apontou que a narrativa das redes sociais, de relação da entrevista do presidente com os planejamentos, é escandalosamente falsa. "Isso é um disparate, uma violência e nós não aceitamos isso", acrescentou ele.
Quando Lula foi preso?
O ex-presidente foi preso no dia 7 de abril de 2018, após ordem de prisão realizada por Moro pelo processo do tríplex do Guarujá, após investigações da Operação Lava-Jato.
Lula teria recebido o apartamento da empreiteira OAS como propina. Ele foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, com sentença confirmada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre.
Enquanto estava preso, Lula também foi condenado pela acusação de ter recebido propinas da OAS e da Odebrecht através de reformas no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. A pena aumentou para 12 anos e 11 meses de reclusão.
O ex-presidente ficou 580 dias preso. A condenação foi anulada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou Moro parcial ao julgar Lula.