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Lula diz que não usará lista tríplice para PGR e vaga será por critério pessoal

Presidente deu entrevista exclusiva a Reinaldo Azevedo e falou sobre Petrobras, STF, acabar com a guerra da Ucrânia e ministros suspeitos de desvios

Da redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou nesta quinta-feira (2) em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Azevedo, da Rádio BandNews FM, que para a vaga do novo Procurador-Geral da República “o critério será pessoal” e que não vai usar uma lista tríplice de indicados para escolher que ficará no cargo. Ele disse que não fará uma lista tríplice. 

O atual procurador, Augusto Aras, deixará o cargo em setembro. "Vou pensar muito com a consciência. Vou pensar muito. O critério será pessoal, de muita meditação, vou conversar com muita gente", disse Lula. “Espero escolher um cidadão que seja decente, digno, de muito caráter.”

 "Não penso em lista tríplice. Já está provado que nem sempre a lista tríplice resolve o problema", disse Lula sobre a troca no comando da PGR. 

O Procurador Geral da República funciona perante o Supremo Tribunal Federal. Como Chefe do Ministério Público Federal representa os interesses da União e fiscaliza a execução e o cumprimento da lei em todos os processos sujeitos a seu exame.

Juscelino e Daniela

Lula falou sobre as polêmicas envolvendo a ministra Daniela Carneiro (Turismo) e o ministro Juscelino Filho (Ministro das Comunicações). "Ele [Juscelino] tem o direito de provar a inocência, mas se não conseguir, não pode ficar no governo", disse Lula sobre suspeitas relacionadas a Juscelino Filho, que partem de ocultação do patrimônio e vão até o uso do orçamento secreto para beneficiar posses familiares. 

Em seguida, o presidente falou sobre a foto em que a ministra Daniela Carneiro aparece ao lado de milicianos no Rio de Janeiro. "Você não pode condenar uma pessoa por estar em cima de um palanque com alguém indesejado", afirmou Lula sobre suposto 'elo' da ministra Daniela com milicianos da Baixada Fluminense. 

Economia não cresceu

Lula falou sobre a autonomia do Banco Central e afirmou que a economia brasileira não cresceu no último ano. "O PIB do último trimestre estava negativo, ou seja, a economia brasileira não cresceu no ano passado", afirmou Lula. Em seguida, o presidente disse que o presidente do Banco Central precisa "pensar em como reduzir a taxa de juros para que o país volte a ter crédito e a economia a funcionar". 

Lula disse que o mercado financeiro vive dos juros altos. “Qual é a explicação para ter juros de 13,75% em um país em que a economia não está crescendo? O PIB do último trimestre é negativo. Economia não cresceu ano passado apesar da fanfarrice do Guedes. Você tem economia que não cresce, emprego informal, não tem credito, queria uma explicação por que o juros está 13,75%

Lula criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “Você não tem que pensar como pode ajudar o brasil. Só tem que pensar como reduzir os juros. Para que o pais volte a ter credito. Isso que tem que fazer. Não tenho interesse de brigar com presidente do BC. Mas esse pais não pode ser refém de um único homem.”

Petrobrás e combustíveis

Lula disse que a Petrobras não é empresa só para dar dinheiro para os acionistas. “É para pensar na soberania energética do pais. Brincava que Petrobras era tão forte que ia eleger o presidente dela pelo voto e eles iriam indicar o presidente da República”, afirmou.

“A mesma coisa foi a privatização da Eletrobras. A primeira coisa que diretores fazem é aumentar salário dele de R$ 60 mil para R$ 370 mil por mês e conselheiro 200 mil pra se reunir uma vez por mês. É a moralidade pública da privatização da Eletrobras. Eu defendo estado brasileiro forte. Quero o BNDES forte, o Banco do Brasil forte, a Caixa Forte e a Petrobras forte. Quero empresas poderosas. Quem está comprando nossas estatais? Estatais espanholas e chinesas. Se criou na cabeça do povo que tudo o que é público não presta e tudo que é privatizado é maravilhoso.”

Lula prometeu abrasileirar o preço do petróleo. "Vou garantir uma coisa. Vamos abrasileirar o preço do petróleo. Fizeram uma mudança nas estatais que pra indicar diretor e conselho leva tempo. Vamos ter controle da Petrobras em abril. E vamos discutir o papel da Petrobras no desenvolvimento econômico desse pais. A Petrobras não é empresa para vender seus ativos como está vendendo.”

Zanin no STF

O presidente afirmou que deverá indicar "dois ou três" nomes para o Supremo Tribunal Federal (STF), e admitiu que o advogado dele, Cristiano Zanin Martins, "tecnicamente cresceu de forma extraordinária" e poderá vir a ser indicado.

“Nunca pedi nenhum favor a nenhum ministro. Não foram indicados para me fazer favor ou me proteger”, afirmou o presidente.

Congresso

Lula ponderou que o Executivo não pode ficar refém do Congresso como, segundo ele, ocorreu na gestão passada. Sobre as gestões anteriores do PT na esfera federal, o presidente avaliou que Dilma Rousseff "se perdeu um pouco" ao longo do mandato, mas fez críticas ao papel que teve o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no processo de impeachment da petista.

Lula afirmou ainda que é "bem possível" que ele próprio tenha cometido erros nos mandatos anteriores, mas vai trabalhar para fazer melhor.

Conversa com Zelensky

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que após a entrevista gravada iria conversar por vídeo com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A intenção do governo brasileiro foi de discutir a paz. 

“Tive uma reunião por vídeo agora com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém”, disse o líder brasileiro. 

‘Eu ressuscitei'

Sobre a prisão durante a Lava Jato, Lula afirmou que durante muito tempo teve dúvidas sobre a ressurreição. “Hoje acredito na ressurreição porque sou um cara que ressuscitei. Não sei se existe um político que resista ao que passei. Acredito em Deus, porque quando eu fui para a PF resolvi que iria sair de lá maior do que entrei. E quem me condenou ficaria melhor. Com muita paciência, meditação, crença e leitura”.

“Desembargadores do TRF4 votaram sem ler, porque era preciso me condenar. Nem leram a peça, os quatro votos iguais. Queria a presunção de inocência.”

Lula dá entrevista exclusiva a Reinaldo Azevedo; assista na íntegra

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