Lula diz que anunciará ministros a partir do dia 12 e que já tem 80% dos nomes

Presidente eleito adiantou que Gleisi Hoffmann ficará de fora da lista: "Tem papel importante na organização política no Brasil"

Narley Resende

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira que começará a anunciar seu ministério depois do dia 12 de dezembro, quando será diplomado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, não há motivo para pressa, já que a posse ocorre somente em 1º de janeiro. 

“Não posso ficar dando passa para trás, então vou decidir com calma para andar somente para frente”, disse em conversa com a imprensa na chegada do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição. Foi a primeira declaração de Lula após um procedimento médico feito em sua garganta

Segundo o presidente, no entanto, 80% das pastas já estão estruturadas em sua cabeça. Lula disse que seu novo governo terá a mesma base de ministérios que teve em seus mandatos anteriores (2002-2010) e mais o Ministério dos Povos Originários

"Olha a base do meu ministério será a base q eu tinha no segundo mandato, com uma coisa a mais, que é o dos povos originários. Vou ser diplomado no dia 12. Depois que eu for presidente da República, reconhecido, eu vou escolher o meu ministério. Eu já tenho 80% do ministério na cabeça, mas não quero construir um ministério para mim. Quero construir para as forças que ganharam as eleições”, afirmou.

Lula disse que a deputada reeleita Gleisi Hoffmann permanecerá na presidência do Partido dos Trabalhadores e longe do comando de alguma pasta. 

“Achei que é importante não desmontar o partido porque ganhamos a eleição. A companheira Gleisi tem um papel muito importante. O fato de eu ter dito para Gleisi que ela não vai ser ministra é o reconhecimento do papel que ela tem na organização política no Brasil. Quero que vocês saibam que o fato de ela não ser ministra é reconhecimento da grandeza dela. Ser presidenta desde partido hoje é tão ou mais importante do que ser ministra”, disse Lula. 

Ele não respondeu se ex-ministro Fernando Haddad (PT) está incluso nos ministérios. O nome do ex-prefeito de São Paulo é o favorito para assumir o Ministério da Fazenda. “O meu ministro da Economia será a cara do sucesso do meu primeiro mandato”, afirmou Lula.

Antes de chegar ao CCBB, Lula visitou o ex-presidente José Sarney, em Brasília. Ele chegou na residência por volta das 10h40 e permaneceu até 12h10. “Somos velhos amigos. Velhos, não. Jovens amigos. Ele tem 91 anos de idade e eu quero chegar lá com a mesma saúde dele”, disse. 

PEC da Transição

Lula chegou na capital federal no último domingo acompanhado da mulher, Rosângela Silva, a Janja, e do ex-ministro Fernando Haddad, que é cotado para o ministério da Economia. 

Ao longo da semana, Lula teve reuniões com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele também se encontrou com lideranças de partidos, como o MDB, PSD e União.

Na pauta das conversas, a formação de um bloco parlamentar para lhe conferir governabilidade no próximo ano e a estratégia para aprovar a PEC da transição até o fim de 2022.

Lula destacou que a PEC protocolada no Congresso ainda não sofreu qualquer alteração e que ele acredita na aprovação para garantia do pagamento do Bolsa Família. “Até agora sem sinal de alteração na PEC”, disse. 

“O Brasil precisa desse texto, já que o atual governo tinha que colocar esse recurso no orçamento. Pra mim ele (Bolsonaro) pode fazer toda a desgraceira que ele quiser. Eu vim para reconstruir esse país”, disse. 

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