Lula defende moeda alternativa para transações comerciais entre países do Brics

'Precisamos ter uma moeda que transforme os países em uma situação um pouco mais tranquila', disse Lula durante discurso na cerimônia de posse de Dilma como presidente dos Brics

Por Karina Crisanto

Lula defende moeda alternativa para transações comerciais entre países do Brics
Lula discursa na possa de Dilma Rousseff como presidente do banco dos Brics
Divulgação/Ricardo Stuckert

Durante discurso na posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, o líder brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o uso de moeda alternativa ao dólar para transações entre os países do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

“Por que todos os países estão obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar? Por que nós não podemos fazer nosso comércio lastrado na nossa moeda? Por que nós não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda?”, perguntou o presidente. 

O petista disse que foi escolhido uma moeda sem levar em conta a necessidade que “nós precisamos ter uma moeda que transforme os países em uma situação um pouco mais tranquila porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para poder exportar, quando ele poderia exportar em sua própria moeda, e os bancos centrais certamente poderiam cuidar disso”. 

Ao falar diretamente para a presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, o petista disse que “não pode ter pressa”. 

“Se for necessário ter um pouco de paciência, a gente tem que ter, mas por que um banco como os Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do Brics? É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda. Eu acho que o século 21 pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes", declarou o presidente. 

No discurso, o petista afirmou que o Novo Banco de Desenvolvimento se impõe mesmo com os impactos causados pela mudança climática, pandemia da Covid-19 e conflitos armados. 

Lula pontuou que a criação do banco mostra que a união dos países emergentes é capaz de gerar mudanças sociais e econômicas relevantes para o mundo. “Não queremos ser melhores do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandirmos nossas potencialidades, e garantir aos nossos povos dignidade, cidadania e qualidade de vida”, pontuou. 

“Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias emergentes. E mais: com a possibilidade de financiamento de projetos em moeda local”, disse Lula. 

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