Lula defende aliança com Alckmin e diz que chapa pura seria "soma zero"

"Eu com mais alguém do PT, seriam dois PTs (em uma chapa) que não acrescentaria em nada", disse

Narley Resende

PT e PSB ainda vão formalizar o acordo e a chapa Lula-Alckmin Ricardo Stuckert
PT e PSB ainda vão formalizar o acordo e a chapa Lula-Alckmin
Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (24) que uma aliança do PT com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, ex-PSDB e recém filiado ao PSB, em uma chapa de candidatura à Presidência da República é uma tentativa de “reconstrução do Brasil”.  

Contrariando corrente petista que defende chapa pura na disputa pela Presidência da República neste ano, Lula disse que não há contradição na união com o ex-adversário. “Contradição não é uma chapa minha com Alckmin. Contradição seria eu com PT, porque seria uma soma zero. Eu com mais alguém do PT, seriam dois PTs que não acrescentaria em nada na expectativa eleitoral da sociedade brasileira”, disse em entrevista à rádio Súper, da Região Metropolitana de Belo Horizonte.  

Lula lembrou que não conhecia o ex-vice-presidente José Alencar (PL) quando recebeu a indicação de seu nome para composição de chapa em 2001. “Já tive o José Alencar de vice, que eu não conhecia antes, mas tive o prazer de conviver com uma das pessoas mais extraordinárias que conheci. O Alckmin já foi meu adversário em 2006, e isso não é problema, porque estamos tentando construir uma proposta de reconstrução do Brasil”, afirmou.

Alckmin se filiou nessa quarta-feira (23) ao PSB após passar mais de 30 anos no PSDB, com a perspectiva de ser candidato a vice do ex-presidente Lula e afirmou que o petista representa a "esperança".

"Temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que ele [Lula] é hoje o que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia", disse o ex-tucano.

Fundador do PSDB e ex-governador de São Paulo por quatro mandatos, Alckmin deixou o partido em dezembro de 2021, depois de 33 anos, e filiou-se ao PSB, na perspectiva de ser vice de Lula na disputa presidencial.

PT e PSB ainda vão formalizar o acordo e a chapa Lula-Alckmin deve ser lançada entre o fim de abril e o início de maio.

Lula descartou a participação da ex-presidente Dilma Rousseff e de ex-ministros e lideranças petistas como José Dirceu e José Genoíno no primeiro escalão do governo, caso vença a disputa presidencial em outubro.  

“Não tem sentido uma ex-presidente da República trabalhar de auxiliar em outro governo. Tenho profundo respeito pela Dilma, ela tem uma competência técnica extraordinária, mas acho tem muita gente que surgiu depois que governamos esse país, tem muita gente nova e que vamos colocar. Essas pessoas que têm experiência podem me ajudar dando palpite, conversando. Às vezes as pessoas podem me ajudar fazendo nada”, declarou o petista.

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