O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o presidente do Banco Central, nesta quinta-feira (22), após a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%. Em conversa com os jornalistas na Europa, o petista disse que Roberto Campos Neto “joga contra a economia brasileira”.
“Eu acho que esse cidadão (Campos Neto) joga contra a economia brasileira. Ele não tem explicação, não existe explicação aceitável para a taxa de juros estar em 13,75%”, declarou o presidente em Roma.
Lula considera “irracional” o patamar da Selic. “Não se trata do governo brigar com o Banco Central, quem está brigando com o BC hoje é a sociedade brasileira (...) porque é irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de 13,75% com inflação de 5%”, reforçou.
Copom
O Banco Central decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, apesar da pressão feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e setores da economia por uma redução. Em nota, o Banco Central justificou a decisão e abriu espaço para uma futura queda na taxa básica de juros.
“O ambiente externo se mantém adverso, ainda que com revisões positivas para o crescimento do ano. Apesar da atenuação do estresse envolvendo bancos nos EUA e na Europa, a situação segue demandando monitoramento”, diz trecho do comunicado.
A previsão do Comitê é de que há uma redução no “horizonte relevante, que inclui o ano de 2024”. “As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,0% em 2023 e 3,4% em 2024. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,0% em 2023 e 4,6% em 2024", pontuou o BC.
Apesar da melhora do cenário econômico brasileiro, o Banco Central preferiu manter a taxa no mesmo valor, mas já se prepara e sinaliza um corte de juros no início do segundo semestre. A ideia é o BC ajustar a taxa em 12,25% no fim de 2023 e 9,5% para 2024.
Juliana Rosa
Juliana Rosa, comentarista de economia, analisou a manutenção da taxa Selic em 13,75%. Ela entende que a explicação do Banco Central causou frustração no governo, que tem feito pressão para que a taxa de juros seja reduzida.
"O Banco Central reconhece que inflação está controlada (3,94%), mas aposta que ela vai subir no 2º semestre - a expectativa é subir para 5,1%. Portanto o BC entende que a inflação vai ficar alta e longe da meta de 3%", declarou.