O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (9) os primeiros nomes de indicados a ministérios do novo governo.
Em entrevista coletiva que começou por volta das 11 horas, pouco antes do jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, Lula anunciou Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda, que foi desmembrado do atual Ministério da Economia; e José Múcio Monteiro, que não tem filiação partidária, para o Ministério da Defesa.
O governador Rui Costa (PT) deve chefiar a Casa Civil.
Lula também oficializou o senador eleito Flávio Dino (PSB) para o Ministério da Justiça, que deve ter a função atual de Segurança Pública desmembrada da pasta. Dino disse na coletiva que indicará o delegado Andrei Augusto Passos Rodrigues para direção-geral da PF (Polícia Federal). Rodrigues integra hoje a equipe de segurança de Lula.
O Itamaraty será chefiado pelo diplomata Mauro Vieira, ex-chanceler no governo Dilma Rousseff.
O anúncio antes do horário de um jogo do Brasil na Copa do Mundo é estratégico. O objetivo é evitar reações negativas do mercado financeiro.
Tomei a decisão de apresentar alguns ministros e possivelmente depois da diplomação apresentarei mais um pouco e depois mais um pouco. Tomei a decisão porque é preciso que algumas pessoas comecem a trabalhar.
A ideia inicial de Lula era anunciar os primeiros ministros somente após a sua diplomação, mas como declarou na quinta (8) a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente eleito preferiu antecipar alguns nomes porque está havendo “muita especulação”. Além disso, o movimento tem por objetivo acelerar o processo de transição em curso.
- Ministério da Fazenda - Fernando Haddad (PT)
- Ministério da Casa Civil - Rui Costa (PT)
- Ministério da Defesa - José Múcio Monteiro
- Ministério da Justiça e Segurança Pública - Flavio Dino (PSB)
- Ministério das Relações Exteriores - Mauro Vieira
Ministério da Fazenda: Fernando Haddad (PT), ex-ministro
Fernando Haddad (PT) é ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo. Foi ministro da Educação de 2005 a 2012, nos governos Lula e Dilma Rousseff, e prefeito da cidade de São Paulo de 2013 a 2016. É professor de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), instituição pela qual se graduou bacharel em Direito, mestre em Economia e doutor em Filosofia.
Haddad é um dos homens de confiança de Lula e assumiu a candidatura do partido à Presidência da República em 2018, após Lula ser declarado impedido de concorrer. Nas eleições deste ano, disputou o segundo turno para o governo de São Paulo, mas foi derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ministro da Casa Civil: Rui Costa (PT), governador da Bahia
Rui Costa (PT) é governador da Bahia desde 2014. Antes de ingressar na vida pública, Rui Costa chegou a trabalhar como técnico de instrumentação, desenhista projetista e projetista industrial em empresas petroquímicas. Ele não disputou a reeleição neste ano porque já está no segundo mandato e também abriu mão de concorrer a outro cargo público (como o de senador) como parte das articulações políticas da coligação do PT no Estado.
Costa é bastante ligado ao senador Jaques Wagner (PT-BA), um dos principais aliados e articuladores de Lula – que, nas últimas semanas, também vem sendo apontado como possível ministro.
Rui Costa iniciou sua trajetória política no decorrer da década de 1980, quando participou da fundação do PT na Bahia, ao lado de Jaques Wagner.
Ministro da Justiça: Flávio Dino (PSB), senador eleito
Flávio Dino (PSB) é ex-governador do Maranhão e senador eleito pelo mesmo Estado. Dino é um dos quadros mais elogiados por Lula dentre os políticos de esquerda que conquistaram mandato.
Durante a transição de governo, o ex-governador foi o principal porta-voz do GT de Justiça e Segurança – anunciando, por exemplo, a intenção do governo de revogar decretos que facilitaram a compra e o porte de armas no país.
Além de governador do Maranhão por dois mandatos, Dino foi juiz federal, deputado federal e presidente da Embratur. É irmão do subprocurador-geral da República Nicolao Dino.
Ministro da Defesa: José Múcio Monteiro, ex-ministro do TCU
Ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, foi ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, no segundo mandato de Lula, e tem bom trânsito entre militares.
Elogiado pela capacidade de articulação política, José Múcio tem bom trânsito nas Forças Armadas e acredita-se que pode contornar dificuldades de relacionamento de Lula com a cúpula militar.
O nome dele como titular da Defesa já foi elogiado, inclusive, pelo atual vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), que tem contrariado o tom agressivo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).
Ministro das Relações Exteriores - Mauro Vieira, Embaixador do Brasil na Croácia
Embaixador do Brasil na Croácia desde 2018, Vieira já ocupou o mesmo cargo entre 2015 e 2016 durante o governo Dilma Rousseff.
Ele já esteve à frente alguns dos principais postos no exterior, como a embaixada na Argentina, em Washington e a representação do Brasil nas Nações Unidas, em Nova York. Vieira é um dos mais experientes diplomatas em atuação.
Diplomata de carreira, formado pelo Instituto Rio Branco, foi chefe de gabinete da Secretaria-Geral de Relações Exteriores.
Forças Armadas
Lula também definiu os nomes dos novos comandantes das Forças Armadas, mas só vai oficializar as indicações depois de reunião que terá com José Múcio Monteiro ainda nesta sexta-feira (9), após o jogo da Seleção Brasileira.
O general Júlio Cesar de Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia do Exército, deve ser o novo comandante do Exército. Na Aeronáutica vai ser o tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. E na Marinha o almirante Marcos Sampaio.
O comandante do Estado-maior das Forças Armadas deve ser o almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do estado-maior da Marinha.
Os novos comandantes das Forças Armadas devem substituir o almirante Almir Garnier Santos (Marinha); o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior (FAB) e general Marcos Antônio Freire Gomes (Exército). Eles tomaram posse em abril de 2021, depois que os antecessores rejeitaram maior alinhamento político ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e deixaram os cargos.
- Exército - general Júlio Cesar de Arruda
- Marinha - almirante Marcos Sampaio
- Aeronáutica - tenente-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno
- Comandante do Estado-maior das Forças Armadas - almirante de Esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do estado-maior da Marinha.