O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar Israel durante coletiva de imprensa neste domingo (18), em Adis Abeba, capital da Etiópia. Para ele, o que está acontecendo na Faixa de Gaza não é uma guerra, mas sim um genocídio e fez referências às ações de Hitler contra os judeus.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
O presidente fez a declaração após ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês), após denúncias israelenses de que 12 funcionários teriam participado dos ataques terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro.
Na última quinta-feira (15), Lula afirmou que o Brasil irá fazer um novo aporte de recursos para a UNRWA. “Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”, disse Lula durante sessão extraordinária da Liga dos Estados Árabes, no Cairo.
Lula também criticou o corte de financiamento dos países ricos após a denúncia de Israel e defendeu que é preciso haver investigação, mas as doações não poder ser paralisadas.
“No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária à Agência da ONU para os Refugiados da Palestina. As recentes denúncias contra funcionários da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-la”, pontuou Lula.
Durante a declaração, o petista não detalhou sobre os recursos que serão destinados à agência da Organização das Nações Unidas.
“É preciso pôr fim a essa desumanidade e covardia. Basta de punição coletiva. A tarefa mais urgente é estabelecer um cessar-fogo definitivo que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida e a imediata e incondicional liberação dos reféns”, destacou.
Conib repudia falas de Lula
Em nota enviada à Band, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) repudiou as declarações “infundadas” do petista. Para a entidade, a fala de Lula é uma “distorção perversa da realidade, ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes”.
“O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região não seja importada ao nosso país”, escreveu a entidade. Leia a nota na íntegra abaixo:
A Conib repudia as declarações infundadas do presidente Lula comparando o Holocausto à ação de defesa do Estado de Israel contra o grupo terrorista Hamas. Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu. Essa distorção perversa da realidade ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes.
O governo brasileiro vem adotando uma postura extrema e desequilibrada em relação ao trágico conflito no Oriente Médio, abandonando a tradição de equilíbrio e busca de diálogo da política externa brasileira. A Conib pede mais uma vez moderação aos nossos dirigentes, para que a trágica violência naquela região.não seja importada ao nosso país.