O compositor Luiz Galvão, fundador do grupo musical Novos Baianos, morreu na noite deste sábado (22) em São Paulo, no dia em que completou 87 anos. A causa da morte não foi divulgada. A morte de Galvão foi confirmada pela família.
Ele foi internado no dia 16 de setembro na Santa Casa de Misericórdia, na região central da capital paulista e, dois dias depois, transferido ao Instituto do Coração. Nos últimos anos, o músico sofreu vários problemas de saúde como um acidente vascular cerebral e um infarto, o que levou a família e amigos a se juntar para fazer campanhas de financiamento para o tratamento de saúde de Galvão.
Galvão nasceu em Juazeiro (BA) em 22 de outubro de 1937. Engenheiro agrônomo, vascaíno, Galvão é autor dos sucesso como “Acabou Chorare”, “Preta Pretinha”, “Besta é tu”, entre outros, do grupo Novos Baianos, que fez sucesso nos anos 1970.
Ele fundou a banda com Moraes Moreira, que contou ainda com os integrantes Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Paulinho Boca de Cantor, entre outros
Não há informações sobre o velório e sepultamento de Galvão.
Galvão também é autor de vários livros sobre a MPB. Um deles ainda não foi lançado. Em seu Instagram, a família postou um trecho do livro inédito “Explicando letras”:
"A Intuição
Algumas vezes não lembro onde deixei uma coisa, procuro reviro tudo , levava bronca de dona Helena , minha santa mãe e Janete a mulher feita de encomenda no recôncavo da Bahia.
Deixo pra lá e algum tempo depois vem direitinho a lembrança de onde guardei. Assim também vem no pensamento as letras de músicas , poemas , roteiros de cinema junto com esse gosto de escrever que veio comigo .
O Eistein afirma sobre a intuição que o saber vem do infinito.
E eu afirmo para ser bom entregue ao Deus que trás o bem."
Repercussão
Baby do Brasil se pronunciou sobre a perda de Luiz Galvão. "Mais uma vez o mistério da vida e o propósito dela na Terra nos impacta e, nos aponta, para a eternidade, que sem dúvida alguma é maravilhosa com Deus! As 23:47 desse dia 22/10/22, ontem, recebi a notícia impactante em meu Zap: ‘Galvão se foi’, por sua esposa.
Um silêncio espiritual se fez presente onde eu me encontrava com a minha produção. Ouve uma parada no tempo… gravei uma mensagem em profundo sentimento de amor para a esposa e filhos, pois esse é um momento muito marcante, e forte, do nosso Joãozinho Trepidação, o Galvis, o Poeta dos Novos Baianos, fazendo a “Passagem” para o lado de lá!
Já imortalizado na arte por suas letras maravilhosas, sua identidade poética, seu estilo inconfundível, o poeta Galvão não apenas escreveu letras maravilhosas, mas escreveu uma das mais importantes páginas da nossa música brasileira: com o disco “Acabou Chorare”.
Vivemos tantos anos juntos, em grupo, morando no sítio “Cantinho do vovô”, na Cobertura de Botafogo e, em outros endereços, que totalizamos 10 anos de vida juntos. Tivemos esse privilégio, de estarmos sob o mesmo teto, vivendo uma experiência única e intransferível. Nos tornamos uma família, desde 1969, quando começamos. Investimos com extrema dedicação no propósito de fazermos uma musica, genuína, com as melhores influências de todos e, de todos os tempos e sobretudo brasileiríssima!
Nosso desejo era que a nossa musica se tornasse, um dia, “como uma seta no caminho de casa” da música brasileira, para as futuras gerações. Conseguimos! Ele, que tão carinhosamente escreveu “A menina dança” e “Tinindo e trincando” para mim, entre outras letras, como também para Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes, e lutou bravamente nos últimos sete anos de sua vida, com problemas de saúde.
Agora ele esta como um filho nos braços do Pai. Que o Senhor o guarde com o seu maravilhoso abraço de Pai misericordioso, bondoso, para o grande dia na eternidade! Obrigada meu querido irmão por tudo de incrivel que vivenciamos e por tudo de benção que você fez por mim! Descansa nos braços do nosso Papai. Louvado seja o nome do Senhor!"
Paulinho Boca de Cantor escreveu sobre a morte do amigo. "Triste com a partida de Galvão. Vá na paz Poeta, irmão querido. Conheci Galvão junto com Moraes na casa de Tuzé de Abreu, em 1968. Uma dupla de compositores, mostrando suas músicas e aspirando que fossem gravadas por nomes importantes da MPB. Passamos a andar juntos em todos os lugares na velha Salvador. Eu já estava há mais tempo vivendo na capital, também vindo do interior.
Já cantava na orquestra, já era Boca de Cantor, e passei a cantar junto com Moraes as composições deles que iam nascendo e ganhando forma. E eram muitas.
Começamos a pensar em fazer um show, e teria que ser um show diferente, que parecesse com o clima de loucura que dominava o planeta no final dos anos 60. E aconteceu no Teatro Vila Velha em agosto de 1969 o Desembarque dos Bichos depois do Diluvio Universal. Chegou a Baby, o Pepeu e o Jorginho já tocavam na banda, e assim surgiu o que depois veio a ser o Novos Baianos.
Isso tudo pra dizer o quanto Galvão foi importante pra minha vida, pra minha carreira. Compôs pensando nas minhas interpretações canções que se tornariam eternas e atravessariam gerações.
Um compositor único, só ele mesmo pra traduzir a experiência coletiva, a vivência e a beleza da nova família que inventamos e que foi responsável, pela inspiração e pelas criações antológicas desse grande ser.
Vamos estar juntos todas as vezes que cantarmos suas canções, todas as vezes que a sua poesia, tocar nos nossos corações. Até Poeta, vá na luz que nos leva."
Davi Moraes, filho de Moraes Moreira, postou uma poesia em homenagem ao amigo do pai dele.
"E o resto é comigo porque
a pinta que se toca
Quando você se chega,
só porque você chega
Sem nada como eu!
E esse ano não vai ser igual aquele que passou
Oh oh oh oh oh que passou
Oh oh oh oh oh que passou"
Boa chegada eterno craque!
Obrigado por tudo!
Viva Galvão hoje e sempre!
Um Verdadeiro Gigante!"