Juiz manda processo contra Milton Ribeiro para o STF após suposta interferência

Justiça Federal aponta suposta interferência de autoridade com foro privilegiado em investigação contra o ex-ministro Milton Ribeiro

Por Édrian Santos

Milton Ribeiro foi preso pela PF por suspeita de corrupção no MEC Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Milton Ribeiro foi preso pela PF por suspeita de corrupção no MEC
Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A Justiça Federal enviou o processo sobre suposta corrupção no Ministério da Educação (MEC) para o Supremo Tribunal Federal (STF), sob a alegação de interferência de autoridade com foro privilegiado nas investigações. A peça foi assinada pelo juiz Renato Borelli, da 15ª Vara do Distrito Federal.

O documento, porém, não menciona o nome da suposta autoridade com foro que teria interferido nas investigações. O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro é um dos alvos. A Band teve acesso à decisão, que foi assinada eletronicamente na última quinta-feira (23).

“Nesta toada, acolhendo parcialmente a manifestação Ministerial, determino a remessa da integralidade dos autos ao Supremo Tribunal Federal, por prevenção à Exma. Ministra Cármen Lúcia, Relatora do INQ 4896, para devida deliberação quanto ao prosseguimento da investigação perante esta 15ª Vara ou sua cisão/desmembramento”, pontuou Borelli na decisão.

Em nota, a defesa de Ribeiro disse que recebeu com surpresa a informação do envio do processo para o STF. Segundo Daniel Bialski, se houver interferência de autoridade com foro privilegiado, conforme argumentou Borelli, a decretação de prisão preventiva foi dada por um juiz incompetente. Leia a íntegra no final da reportagem!

Prisão e soltura de Milton Ribeiro

Já na última quinta-feira (23), o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), decretou a soltura de Ribeiro, dos pastores e mais dois alvos da operação “Acesso Pago”, Helder Diego da Silva Bartolomeu e Luciano de Freitas Musse.

Na decisão, Ney Bello pontuou que, no estado democrático, ninguém pode ser preso sem o devido acesso à decisão que motivou a prisão, em resposta ao pedido da defesa sobre o sigilo sobre a investigação contra Ribeiro.

Áudios vazados

Em áudios divulgados em março, o então ministro dizia que a “priorização” de determinadas prefeituras seria um pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Dias depois, o ministro negou a participação do presidente e pediu demissão do MEC.

A PF cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e 5 de prisão em Goiás, São Paulo, Pará, além do Distrito Federal. Outas medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados e envolvidos, também foram efetuadas.

Nota da defesa de Milton Ribeiro

O advogado Daniel Bialski, que patrocina a defesa do ex-ministro Milton Ribeiro, esclarece que recebeu com surpresa a decisão judicial de remessa dos autos da investigação contra seu cliente novamente para o Supremo Tribunal Federal.

Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva.

A defesa ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, se lhe for franqueada vista da íntegra da documentação. Todavia, se realmente esse fato se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos por absoluta incompetência e somente reforça a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e, quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada análise.

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