Jornalista brasileira relata tensão em torcida iraniana na Copa do Catar

Domitila Becker, que foi perseguida por torcedores do Irã, diz à rádio BandNews FM que nunca havia presenciado esse 'terror'

Da redação

A jornalista brasileira do SBT e portal Uol, Domitila Becker, falou sobre a situação tensa que viveu na cobertura do jogo entre Irã e Estados Unidos válido pela Copa do Mundo do Catar, onde foi perseguida por torcedores iranianos. Em entrevista à rádio BandNews FM, ela diz que nunca tinha presenciado esse tipo de situação. 

“O que mais me assustou foi que eu nunca tinha presenciado esse terror, realmente, nos olhos das pessoas. É uma situação muito tensa, de ver mais de 300 mortes em um país pequeno, entre elas mais de 20 crianças, e está muito longe de terminar”, desabafou a jornalista. 

Domitila Becker contou à BandNews FM que desde o momento que chegou ao local da arquibancada onde estava a torcida do Irã e sentou ao lado de uma pessoa, ela já sentiu duas pessoas se aproximando com comportamento estranho, tirando fotos dela e do seu crachá. “O que mais impressionou foi a reação da polícia, que não está preparada para isso”. 

A jornalista complementa dizendo que foi até a torcida iraniana para sentir o clima dos torcedores, mas desde o momento que chegou na arquibancada já foi ‘uma tensão’ e passou a ser perseguida, mas reforça que mulheres corajosas passaram o contato para que a ela pudesse ter mais noção do que está acontecendo no Irã. “A internet do país foi cortada, as pessoas estão com pouquíssimo acesso às redes sociais. Então, não estão conseguindo falar para o mundo”. 

“Que bom que teve essa Copa do Mundo nesse momento que eles puderam ser ouvidos, ainda que muito pouco”, reforça. 

Uma das iranianas que Domitila conversou estava em um grupo de torcedores, ela lembra que iniciou a conversa já com a câmera ligada questionando sobre a festa no estádio, mas quando entrou em assunto ligado à política a mulher informou que não falava inglês. “Elas estão muito monitoradas”, acrescenta a jornalista, que reforça que no Irã as mulheres não podem assistir partidas de futebol. 

Polêmica das cores da comunidade LGBTQIA+ 

Uma de algumas polêmicas que envolvem a realização da Copa no Catar são as cores do arco-íris, que representa a comunidade LGBTQIA+. Domitila Becker tem uma braçadeira com as cores e estava usando para apresentar o programa, mas diz que agora está com medo de ir ao estádio e da decepção com as atitudes da Fifa. “A gente viu no mesmo jogo contra Irã e Estados Unidos que um torcedor americano foi retirado a força do estádio por estar usando a braçadeira”. 

Antes do início da Copa, os capitães das seleções da Inglaterra, País de Gales, Dinamarca, Bélgica, Alemanha, Suíça e Holanda iriam usar uma braçadeira com a frase “one lone”, que em português significa “um amor”, mas emitiram um comunicado informando que poderiam ser punidos caso utilizassem o objeto. 

A iniciativa foi proposta com o objetivo de promover a inclusão na modalidade em apoio à comunidade LGBTQIA+. “Não podemos colocar nossos jogadores em uma posição em que possam enfrentar sanções esportivas, incluindo cartões amarelos”, informaram as seleções em nota. No complemento, disseram que estão “muito frustrados com a decisão da FIFA”.

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