A fragmentação partidária, no Brasil, é absurda, e a gente já se acostumou. Quantos partidos na Câmara? 20? Até já foi mais. Ninguém encontra, na sociedade, tantas posições ideológicas e políticas. Não tem. Muitas dessas siglas – não todas, claro – são mais grupos de interesses do que partidos.
Os partidos se pulverizaram e a sociedade, também, mas sem que uma coisa tivesse a ver com a outra. Faltam correspondência e identidade. É a precariedade da conexão dos partidos, a maioria deles, com a sociedade, embora a polarização produza uma aparência mais simples num Congresso de perfil predominantemente conservador. Aliás, muito mais poderoso do que era antes, fortalecido pelas emendas que o tornam mais independente.
São elementos que dificultam, óbvio, as relações do Planalto com o Legislativo. A isso se soma uma articulação pouco eficiente, como no caso da MP do PIS/Cofins, agora devolvida, ou em simples equívocos do governo, como no caso do leilão de arroz, agora anulado.
O que já é difícil, em si mesmo, fica pior quando o governo cochila. E tem cochilado muito, como o presidente reclama. Mas, em vez de reclamar com a turma da articulação, ele, no comando, poderia ou deveria liderar ou participar mais desse trabalho. Lula já foi bom nisso.