A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, acusado de advocacia administrativa, obstrução de investigação ambiental e dificultar a investigação de infração por uma organização criminosa. A relatora do caso será a ministra Cármen Lúcia.
A Procuradoria pede a autorização para colher o depoimento de Salles, de proprietários rurais e agentes de fiscalização do Ibama e da Polícia Federal, além de uma cópia da integralidade dos procedimentos de fiscalização e investigação aos ilícitos ambientais. A documentação enviada pela PGR ao Supremo é assinada pelo vice-procurador-geral, Humberto Jaques de Medeiros.
A ação se baseia na notícia-crime enviada pelo superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, contra o ministro, o senador Telmário Mota (Pros-RR) e o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim, com denúncias de atrapalhar a fiscalização contra a exportação ilegal de madeira. Depois disso o delegado foi afastado do cargo.
Em dezembro do ano passado, a Polícia federal apreendeu 44 mil toras de madeiras nobres na divisa do Pará com o Amazonas, uma carga avaliada em mais de R$ 130 milhões, considerada a maior apreensão da história.
Salles já é alvo de inquérito por suspeita de exportação ilegal de madeira para os Estados Unidos e Europa. A Operação Akuanduba apura crimes contra a administração pública praticados também por empresários do ramo madeireiro e foi deflagrada no último dia 19 de maio. O STF autorizou mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ministro e ao Ibama. Ele classificou a ação como “exagerada”.
O ministro faltou a uma reunião do conselho da Amazônia Legal na última quarta-feira (26), não enviou representante e foi criticado publicamente pelo vice-presidente Hamilton Mourão.
Ricardo Salles, Telmário Mota e o Eduardo Bin negam as irregularidades.