Volta de D. João VI a Portugal foi marcada por repressão violenta no Brasil

Projeto da Band sobre os 200 anos da Independência mostra mais sobre um capítulo da história que tornou Dom Pedro I príncipe regente do Brasil

Da redação

O local era o Centro do Rio de Janeiro, onde aconteceram manifestações que provocaram repressão violenta no caminho do Brasil para se separar de Portugal. Nesta reportagem, você vai entender mais sobre a história da figura central da Independência do Brasil, Dom Pedro I.

O projeto especial da Band sobre os 200 anos da Independência mostra mais sobre um capítulo da história que tornou Dom Pedro I, então príncipe regente, protagonista no país em que o pai deixou para trás por voltar para Portugal.

Era Sábado de Aleluia de 1821, quando já estava acertada a volta de Dom João VI para Portugal. Ele deixaria o filho Dom Pedro como príncipe regente do Brasil, apesar da dúvida do monarca português sobre o retorno ou não.

Num dia em que deputados e expectadores ansiavam pela criação da Constituição de Portugal, D. João VI deveria ler um decreto sobre o retorno dele para Portugal.  

“Nesse dia, a gente pode imaginar uma série de arquibancadas aqui em volta, preparadas para a eleição. E, nesse dia, estava programada a leitura de um decreto em que D. João VI decidiu, nesse decreto, que ele voltaria pessoalmente para Portugal, deixando o filho Pedro I, aqui no Brasil, como príncipe regente”, explicou o historiador Bernardo Gerude.

Naquele momento, quatro pessoas começaram um fuzuê, lá fora, com algumas exigências relativas as atitudes de D. João VI.

Os manifestantes queriam a eleição de um governo provisório. E, como Portugal ainda não tinha uma constituição, também queriam que D. João jurasse obediência à Carta Espanhola de 1812, conhecida como Constituição de Cádiz.

“Esses amotinados queriam impedir que D. João VI saísse do Brasil com o tesouro”, continuou o historiador. O motim, porém, tomou grandes proporções.  

“Uma multidão formada por pessoas que eram profissionais liberais, trabalhadores, pessoas que, em geral, não ganham lugar na nossa história.  Na nossa história, que é tão monárquica, de grandes protagonistas. Esses eram profissionais liberais”, contou a historiadora Lilia Schwarcz.

Segundo a historiadora Isabel Lustosa, aquela assembleia começou pacífica, relativamente, mas passou a ser tomada por radicais, posteriormente, considerados, na época, como influenciados pelas ideias da Revolução Francesa.

Entre os radicais, estava o padre Macamboa e um jovem de apenas 20 anos, Luis Duprat, filho de um alfaiate francês. Devido à oratória, ele conseguiu fazer com que as pessoas concordassem com as demandas contra a ida de D. João VI a Portugal.

“Ele foi capaz, com sua oratória, de inflamar e fazer com que as pessoas concordassem com as demandas de que D. João VI iria jurar obediência à Cádiz e permanecer naquele momento no Brasil”, disse Gerude. Por outro lado, sabe-se que os soldados da realeza atacaram os manifestantes.

“Isso foi feito de forma muito violenta. Quebraram tudo. Mataram pessoas. Nunca se soube, exatamente, o número, porque a coisa foi tão dramática. E isso, claro, convenceu o rei que não havia mais possibilidade de ele ficar aqui se tivesse alguma dúvida”, pontuou Lustosa.

 Cinco dias depois da manifestação, D. João VI embarcou para Portugal. Quase um ano e meio depois do episódio, chegava o dia que entraria para a história brasileira, o 7 de Setembro. 

A gente sabe que dona Leopoldina assinou a independência, primeiro, no Rio de Janeiro. Aí ela mandou uma carta para o marido que passava por São Paulo para dizer: “Chegou a hora”.

“D. Pedro é um monarca de muitas faces, difícil de definir. Para uns, um monarca liberal, romântico, que agasalhou a causa dos brasileiros. Por outro ângulo, também, um monarca muito violento. E basta, também, ver que, em 1831, ele não aguenta a pressão e, de alguma maneira, renuncia. Então, eu penso que a figura de D. Pedro é uma figura muito interessante, justamente por ele agasalhar esse mar de contradições”, concluiu Shwarcz.

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