A guerra entre o crime organizado e as forças de segurança aterrorizam a população da Bahia. No meio do fogo cruzado, os moradores sofrem e têm a rotina prejudicada em Salvador e outras cidades do estado. Pelo menos 11 bairros da capital baiana viraram zona de guerra em setembro.
Um dos mais atingidos é o bairro de Valéria, no subúrbio, a 20 KM do Farol da Barra, local turístico de Salvador. No bairro, a guerra entre facções está longe de terminar. O ponto é considerado estratégico pelo tráfico pela localização privilegiada, às margens da BR-324, principal acesso à capital e perto do Porto de Aratu. Tanto, que o interesse do tráfico de drogas no local foi a localização geográfica do estado.
A Bahia faz divisa com outros 8 estados e é cortada por rodovias federais, entre elas, as duas maiores do Brasil: a BR 116 e 101. Além disso, a Bahia tem um, litoral extenso e com vários portos, como o de Salvador, que pode enviar drogas para o exterior, principalmente a Europa. Entre 2019 e 2022, a Receita Federal apreendeu mais de 9 toneladas de cocaína.
Facções disputam controle do tráfico na Bahia
Pelo menos 10 facções disputam territórios na Bahia, oito delas fundadas no próprio estado. As outras duas vieram de fora e são rivais, o PCC de São Paulo e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro.
Os grupos passaram a fornecer armas e drogas, criando alianças e rixas com o crime organizado no estado, como explica o pesquisador Luiz Lourenço, da UFBA: “As facções foram se fragmentando e criando outros vários grupos”.
A rivalidade intensificou a violência na Bahia. O estado está no topo do ranking de mortes violentas. A Bahia tem o maior número de assassinatos em números absolutos desde 2019, quando ultrapassou o Rio de Janeiro. Só em 2022, foram quase 7 mil mortes violentas, média de 18 por dia, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Além disso, só neste ano, Salvador e a região metropolitana registraram mais de 400 mortes em operações policiais, 17% a mais que no Rio de Janeiro, segundo o Instituto Fogo Cruzado. “O confronto só piora a violência, porque logo depois de um evento de violência e morte, mais grupos criminosos se formam, fragmentos de grupos maiores que foram combatidos”, diz Luiz Lourenço.