Vinhos e Vinhas: conheça os segredos do sucesso dos vinhos do Alentejo

Jornal da Band foi até Évora, no sul de Portugal, para descobrir o porquê do sucesso da bebida da região

Giba Smaniotto, do Jornal da Band

A equipe de reportagem do Jornal da Band viajou até Évora, no Alentejo, sul de Portugal, para descobrir qual o segredo do sucesso dos vinhos daquela região. E você embarca com a gente nesta história a partir de agora, na nova série especial.

Vai dizer que o vinho, com essa cor, com essa textura, com esse sabor, não é capaz de nos unir.  De nos fazer ficar horas e horas papeando. 

“Eu me sinto relaxada, me sinto feliz, gosto de bom vinho com boa conversa, talvez uma boa comida, é a melhor coisa da vida”, diz uma turista holandesa em Portugal.

“O vinho é alegria, o vinho nada mais é do que a filosofia em sua forma líquida. E você é que faz o momento, e digo mais: 50% da qualidade de um vinho é aquele líquido que você está tomando. Os outros 50% são a companhia com quem você toma, aí a qualidade explode”, exalta o enólogo e escritor Carlos Cabral.

Dizem que quando sonhamos que estamos saboreando um vinho, é porque a vida vai mudar para melhor. Talvez porque ele também represente saúde, felicidade.

Vamos entrar agora neste universo que desafia os nossos sentidos, e que, por séculos e séculos, passa de geração para geração.

Tem tanto mistério que a história do surgimento do vinho é tão saborosa quanto a própria bebida.

Para os cristãos, foi Noé que, com muito cuidado, preparou a terra, plantou a semente e depois de colher as suculentas uvas, fez o primeiro vinho. Já para ciência a uva apareceu antes mesmo da nossa espécie. 

E muito mais tarde, ela serviu de alimento para os nossos ancestrais. Como tudo vai se transformando, dizem que o primeiro vinho não foi pensado, planejado, criado. Ele simplesmente aconteceu, depois que uvas foram esquecidas num recipiente. E esse processo natural, a gente conhece muito bem: chama-se fermentação. Mas é claro que os egípcios, os gregos, os romanos, e as outras civilizações depois, foram experimentando, aperfeiçoando, misturando uvas, até chegar ao que temos hoje.

Vinhos de cores bem diferentes, que enchem os nossos olhos antes mesmo de descobrirmos o seu sabor.

Há pistas de que o primeiro parreiral foi plantado 2 mil anos antes de Cristo, nos vales do Tejo.

Em Évora, capital do Alentejo. Uma cidade medieval, aqui no sul do país. O templo marca a presença romana em território português. Saindo do centro, em direção ao campo, a imagem é impressionante. De um lado as oliveiras. Do outro as videiras, os parreirais. Viemos visitar a vinícola Adega Cartuxa.

Ela faz parte da Fundação Eugênio de Almeida, uma instituição particular, de solidariedade social, que gere parte do patrimônio histórico, arquitetônico e cultural de Évora. A vinicultura é um dos pilares para arrecadar dinheiro e atender a população mais humilde da cidade.

“Geram o rendimento econômico que é transformado em ganho social. Todo o dinheiro que é gerado pela Fundação Eugenio de Almeida é investido socialmente. E, portanto, eu diria que há uma espécie de lucro econômico transformado em lucro social”, explica Maria do Céu Ramos, administradora executiva da fundação.

Nas vinhas, há cinco tipos de uvas, que podem gerar vários cortes pra muitos e muitos vinhos da Fundação.

É outono, e elas estão em período de dormência. Por isso, o tom avermelhado e de ferrugem. Uma mistura de cores intensas, que se acentuam ainda mais nos finais de tarde.

“É uma cor muito bonita, mas é uma cor que significa que terminou, que está no fim. Nós aqui onde estamos, em Valmonte, trabalhamos, conduzimos as vinhas no regime biodinâmico, não temos aqui nenhuma intervenção química, portanto o que que esperamos? Esperamos que continuemos a manter a garantia de qualidade e a tradição”, garante João Teixeira, diretor comercial da fundação.

E somadas todas as produções de vinho da fundação, o resultado impressiona. A produção até 2020 era de quatro milhões de garrafas. Agora para 2021 será de seis milhões.

“A Fundação está em Évora para servir de pilar, de apoio para as pessoas, criando oportunidades de fruição, de conhecimento, de formação da cidadania”, afirma Maria do Céu.

É a Adega Cartuxa que produz para a Fundação um dos vinhos mais famosos de Portugal: o pêra-manca. 

No episódio do especial do Jornal da Band desta quarta (27), você entenderá o porquê deste nome, além dos segredos que envolvem este cobiçado vinho que repousa a portas trancadas em um convento até ficar pronto para ser comercializado a R$ 4 mil a garrafa.

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