Com as relações abaladas com a Venezuela, o Brasil escalou apenas a embaixadora em Caracas para a posse de Maduro. Nesta sexta-feira (10), o ditador anunciou o fechamento da fronteira entre os dois países.
Depois de fechar parte da fronteira com a Colômbia, Nicolás Maduro decidiu fazer o mesmo com a fronteira brasileira. Nenhuma justificativa oficial foi dada, mas nos bastidores se fala em “evitar a fuga de opositores”.
O governo chegou a considerar a possibilidade de não mandar a embaixadora do Brasil em Caracas, Glivânia Maria de Oliveira, para a posse de Maduro. Isso depois que aliados da opositora, Maria Corina Machado, informaram que ela tinha sido detida em um protesto.
O entendimento foi que, como o Brasil manteve a embaixada e não rompeu relações com a Venezuela, a decisão mais coerente seria enviar um representante.
Em nenhum momento, o Planalto cogitou uma viagem do presidente Lula ou de um integrante do alto escalão do governo para a posse de Maduro. Até porque o Brasil não reconheceu a vitória do chavista, mas a comunidade internacional tem cobrado um posicionamento mais duro do país contra a Venezuela.
"Mostrou que quer manter uma porta aberta com o governo venezuelano, porque o governo Lula acredita que isolar o maduro é sempre pior porque você perde contato, perde capacidade de possibilidade de influência. Agora se a gente olhar do outro lado a decisão mostra que o brasil está referendando o resultado de alguma forma”, explicou a professora de relações internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, ao Jornal da Band.
Quatro representantes do diretório do PT estiveram presentes na posse. O MST também enviou uma comitiva de cinco pessoas, chefiada pelo fundador do movimento João Pedro Stédile.
Nas redes sociais, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que a democracia exige eleições limpas, sem fraudes, e respeito ao voto popular, o que não aconteceu na Venezuela. Já o ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou repudiar o regime truculento que se impõe como a posse de um ditador “incansável” em desrespeitar a “soberana vontade do povo”.
Desde ontem, protestos contra Maduro tomaram as ruas de Caracas e reuniram a comunidade venezuelana em países da América Latina, como Colômbia, Peru e Chile. E também na Espanha, país que abrigou o ex-candidato opositor, Edmundo González, nos últimos meses.
De acordo com as Nações Unidas, 16 pessoas ligadas à oposição e aos direitos humanos foram presas na Venezuela nos últimos dois dias. A ONu afirmou que as detenções são mais um ataque aos direitos e liberdades do povo venezuelano.
Cerca de 20 mil brasileiros vivem na Venezuela e o Brasil também segue responsável pela embaixada argentina, depois que Milei cortou as relações diplomáticas com Maduro. Seis opositores estão abrigados no local e, quando saírem, podem ser presos.