Velho, ultrapassado, que só vive de passado. Nenhuma dessas expressões descreve os idosos, mas são amplamente usadas para caracterizar pessoas acima de 60 anos. E a questão é estrutural, já que, em países emergentes, como o Brasil, a pessoa já é considerada idosa, cinco anos a menos que em nações desenvolvidas.
Por isso, o Jornal da Band estreia nesta segunda-feira (24) a série Arte de Envelhecer. Que traz um panorama da longevidade do brasileiro. A discussão sobre subir a régua da idade é impulsionada pelo aumento na expectativa de vida. No Brasil, a média é 77 anos, um salto de 32 anos em relação a 1940, por exemplo.
Mas a distância entre idosos e mais jovens é nítida, como nas trocas que ocorrem em uma atividade com crianças de um projeto social. Na reportagem, a pequena Sofia, de 11 anos, imagina que uma pessoa de 61 anos “cozinha, limpa a casa, acorda, dorme, descansa, assiste TV e jornal”.
Para Vera Helena, empresária de 61, não é bem assim. “Na primeira parte, errou feio. Eu não cozinho, não limpo casa. Estudar eu sempre estudei com carinho. Agora eu estou em um momento mais tranquilo, que minha empresa está com menos atividades. Para mim não é hora para me aposentar”, afirma.
A disparidade também é vista com a generalização, o estereótipo. O preconceito com idosos tem vários nomes: idaismo, ageísmo, etarismo, gerascofobia e até velhofobia. Quem age como se todos que passaram dos 60 são incapazes, doentes, ou dependentes, cometem discriminação.
“Ainda você lembra? Por que? Tem que ser demente?. O velho tem que ser demente. Eu estava ali, fazendo compras, são de preço, de troco, e ainda tive que escutar se eu lembrava o número de telefone. Sinto muito. E não deixo pra depois”, diz uma participante de um grupo de idosos.
Gisela Castro, pesquisadora em envelhecimento e longevidade, cita que a ‘velhofobia’ está começando cada vez mais cedo. “Nossa sociedade foi ficando cada vez mais jovem cêntrica, ou seja, centrada numa ideia de juventude que se tornou imperativo, não é mais uma questão de idade eh propriamente dita, um patamar etário, a juventude se descola então desse patamar etário e se torna um hiperativo”, afirma.
Por isso, é preciso um convívio social para a saúde de quem tem mais de 60 anos e diferentes cuidados. Para saber mais, confira o segundo episódio amanhã (25), no Jornal da Band.