Vape é mais saudável que o cigarro? Especialistas alertam para riscos com a troca

Proibidos no Brasil, venda é feita indiscriminadamente, mas não se sabe o que há nos cigarros eletrônicos, que podem conter misturas perigosas

Por Olívia Freitas

Uso de vapes pode ser maléfico para a saúde
Reprodução/Band

Um dos motivos para o aumento no uso do cigarro eletrônico entre os mais jovens é a ideia de que ele é mais saudável que o cigarro tradicional. Mas, segundo especialistas, a troca pode não ser uma boa ideia e ainda traz riscos sérios para a saúde. 

É o que indica a cardiologista e pesquisadora Jaqueline Scholz, do Incor. "O 'vape' não é uma alternativa de menor dano, visto o que vemos por aí. Alta dependência, doenças precoces em indivíduos jovens né? Doenças graves até. Então como isso pode ser mais seguro? Não é", afirma. 

Aqui no Brasil, desde 2009, os cigarros eletrônicos são proibidos. Isso significa que não podem ser importados, fabricados ou comercializados no país. Mesmo assim, o consumo segue em alta. 

A escola de idiomas onde Claudete Ferreira trabalha, ela passou a lidar com um pedido inusitado por parte de alguns alunos. "Já me perguntaram se pode 'vape' dentro da sala de aula. Tem aluno que não consegue ficar sem fumar", afirma. 

Hoje não se sabe exatamente o que há dentro dos vapes. A mistura mais conhecida dentro dos cigarros é a de aromatizantes, propilenoglicol e glicerina, além da nicotina. A pesquisadora do Incor também afirma que os cigarros eletrônicos têm uma maior concentração de nicotina. 

"O fato de usar um sal de nicotina que libera a substância em muito mais alta concentração, rapidamente metabolizada. Então o indivíduo, em um intervalo muito curto de tempo, tem necessidade de usar de novo. Diferente do cigarro convencional, que em um maço tem até 250 tragadas, a pessoa traga até 1200 vezes a depender da abstinência", afirma Jaqueline Scholz. 

O resultado, segundo os médicos, tem sido um aumento no número de jovens com problemas de saúde provocados pelos dispositivos eletrônicos de fumar. Casos graves em pacientes com pouco tempo de uso, surpreendendo até médicos como Fernando Maluf. 

"Vi tomografias de jovens que pareciam de fumantes por mais de 50 anos. Tomografias mostravam pulmões completamente comprometidos. O vape carrega tantas substâncias inflamatórias e que induzem câncer podem causar danos irreparáveis no pulmão", comenta Maluf. 

Uso de vapes se torna polêmica pelo mundo

Cigarros eletrônicos se tornam polêmica | Reprodução/Band

Na França, a Assembleia Nacional aprovou a proibição dos cigarros eletrônicos descartáveis, justamente pela popularidade do produto entre adolescentes. E que também virou hábito entre os adultos. 

O Reino Unido criou o programa 'trocar para parar' e mirou na distribuição de 'vapes' para fumantes. Agora quer banir os dispositivos descartáveis entre os jovens, após estudos indicarem que quase 10% de crianças e adolescentes entre 11 e 15 anos usam cigarro eletrônico. 

No Brasil, um projeto de lei tramita no Congresso para regulamentar os dispositivos eletrônicos. Com isso, eles teriam registro junto à Anvisa e Inmetro. A OMS se posicionou contra os vapes, pela preocupação com jovens. 

Deborah Malta, médica e titular da escola de enfermagem da UFMG, afirma que é preciso ir contra a lei de regulamentação. "É muito importante que a população saiba disso e que a gente possa então fazer pressão e petição junto aos senadores para que eles votem contrariamente a esse projeto", afirma. 

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