Trabalho da imprensa ajudou na separação do Brasil de Portugal

Quando a censura caiu em 1821 houve uma explosão de jornais no Brasil. No ano da Independência eram 53 jornais publicados no país. Todos tinham lado. Tinha jornal monarquista republicano, contra e a favor do imperador.

Sergio Gabriel

Quando a censura caiu em 1821 houve uma explosão de jornais no Brasil. No ano da Independência eram 53 jornais publicados no país. Todos tinham lado. Tinha jornal monarquista republicano, contra e a favor do imperador.

E muitas vezes a agressividade extrapolava as páginas dos jornais. O jornalista Luiz Augusto May foi espancado pelos adversários algumas vezes. Em uma delas por amigos do Imperador Dom Pedro I. Ele era redator de um dos jornais mais populares da época, a Malagueta.

Os jornais refletiam o clima acirrado dos debates na Assembleia Constituinte que ameaçava impor limites ao poder de Dom Pedro I. 

O imperador decidiu usar um artigo do jornal Sentinela da Praia Grande para justificar o fechamento da assembleia e baixar sua própria constituição. Ele criou o poder moderador, exercido pelo imperador, que se sobrepunha aos outros três poderes e na prática garantia o poder de cisão a Dom Pedro.

Os anos seguintes foram marcados pela extradição de lideranças como José Bonifácio e conflitos entre brasileiros e portugueses nas ruas.

Mas foi a morte de um jornalista que acirrou ainda mais os ânimos em relação a Dom Pedro. Em São Paulo, Líbero Badaró era um opositor implacável do governo no jornal que publicava, O Observador Constitucional. 

Libero Badaró foi assassinado na rua no centro de São Paulo que hoje leva seu nome. Na noite de 20 de novembro de 1830, ele foi cercado por dois imigrantes alemães que atiraram nele. Socorrido por estudantes morreu no dia seguinte.   

O ouvidor da Justiça do império foi apontado como mandante e Dom Pedro I acusado pela opinião pública de proteger os autores do crime. 

Badaró foi o primeiro jornalista no Brasil assassinado em razão se seu ofício.  Pouco antes de morrer teria dito: morre um liberal mas não morre a liberdade.   

O assassinato do jornalista é apontado como um dos motivos para o enfraquecimento de Dom Pedro I. Poucos meses depois, em abril de 1831, ele abdicou da coroa em favor do filho e embarcou para Portugal. Com a partida do imperador, terminou o ciclo mais agudo do jornalismo panfletário.

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