TCU cobra governo sobre obras paradas e "desaparecidas"

Prazo de 60 dias para receber planilhas confiáveis venceu em setembro. Promessa é entregar informações até o fim do ano

Caiã Messina, do Jornal da Band

Obras do governo são fáceis de localizar, algumas ocupam quarteirões inteiros. Mas cerca de 11 mil delas “desapareceram” e ninguém no governo sabe dizer onde foram parar. Não estão necessariamente entregues, não foram registradas como paralisadas. Simplesmente sumiram do mapa.

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União aponta que em 2018, a União conduzia 38.412 obras, sendo 14.403 paradas. Três anos depois, o número total caiu para 27.126, mas com 7.862 paralisadas.

A suspeita é de que as fusões de ministérios promovidas nos últimos anos afetaram o banco de dados. As informações migraram do antigo planejamento para a economia, mas ainda não foram disponibilizadas. 

O prazo de 60 dias dado pelo TCU para receber planilhas confiáveis venceu em setembro. A promessa agora é entregar tudo até o fim do ano.

Obras desaparecidas são, na prática, piores do que obras paralisadas, porque investidores não sabem sequer se elas realmente existem. Projetos sequestrados pela burocracia, que poderiam gerar empregos e melhor qualidade de vida para a população.

“Uma obra que não consta em um sistema, que não consta a localização pelo governo, é uma obra que não dá para você trabalhar, inclusive um planejamento de retomada”, analisou Carlos Eduardo Lima Jorge, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

Mesmo entre as obras conhecidas, há problemas. A CBIC cita, como exemplo, cerca de mil postos de saúde, que em meio à pandemia, foram abandonados com 70% das obras concluídas, em média. As prefeituras dizem não ter dinheiro para mobiliar, contratar e equipar as unidades.

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