Quantas horas de sono garantem uma vida mais saudável? Para muitos, são aquelas oito horas regulares que médicos tanto recomendavam no passado. Atualmente, o sono que garante uma vida mais saudável é diferente da fórmula básica, tanto, que até os genes entram na equação.
É o que explica o geneticista Caio Bruzaca. “Essa regra de oito horas não é para todos. Cada um tem suas características peculiares. Somado a claro, essa base genética, entretanto, ainda não existe hoje um teste genético que pode dizer se o sono noturno diurno”, pontua.
Yolanda Gatti, que tem 64 anos, diz ser uma pessoa notívaga, termo que define pessoas que se sentem melhor de noite. Para ela, até concentração é melhor de noite. “Sempre achei anormal, porque todos tinham sono cedo e eu nada. Aí achei que tivesse insônia, mas fui descobrir que sou notívaga”, diz.
Ela pode estar entre 1% da população mundial, que tem uma mutação genética que permite dormir apenas de quatro a seis horas por noite, sem prejuízo para a saúde. Mas para a maioria, a falta de sono afeta a memória, cognição, imunidade e humor, como explica a neurologista Dalva Poyares.
“O indivíduo, principalmente aquele que tem um encurtamento, que dorme muito pouco por muito tempo, ele pode estar submetido a problemas cardiovasculares. Ele pode, com o tempo, apresentar pressão alta, hipertensão arterial. Então existem várias consequências”, pontua.
Rotina é a chave para a saúde do sono
Para muitos brasileiros, há a troca de turnos: se dorme de dia e trabalha pela noite. É o caso de Diego, que trabalhou assim por quatro anos. “Começava às 19h e ia até 8h do dia seguinte como motorista”, conta.
Mas sem ter uma rotina de qualidade, Diego chegou a perder o sono de qualidade e ter problemas de saúde e pressão. Por isso, especialistas avaliam que é melhor ter uma programação e rotina para trocar de forma saudável o dia pela noite.
“O ideal é a pessoa manter sempre o mesmo ciclo. Então ela trabalha a noite e dorme durante o dia, trabalha de noite e dorme durante o dia. Se ela fica alternando isso aí, o relógio biológico dela fica completamente alterado. Tanto que a gente, uma coisa que a gente às vezes indica é a melatonina”, explica a psiquiatra Karine Cunha.
A melatonina, citada por Karine, é um hormônio produzido pela glândula pineal, que fica no cérebro. A liberação da substância ocorre pela noite e ajuda a regular o relógio biológico. Por isso, no caso dos que precisam ajustar a rotina de sono, a melatonina sintetizada é indicada.