Os presidentes do Senado e do Supremo Tribunal Federal devem se reunir nesta quarta-feira (18) para tratar da crise entre os poderes. Senadores avaliam que o processo de impeachment que Jair Bolsonaro (sem partido) insiste em pedir contra ministros do tribunal não tem chance de avançar.
Bolsonaro já fechou com ministros e auxiliares a base do pedido de abertura de processo contra Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do STF, e deve entregar o documento ainda nesta semana ao Senado. O presidente considera que os ministros "extrapolaram limites constitucionais" em decisões recentes.
Porém, Bolsonaro prometeu nesta terça que não vai pressionar os parlamentares no processo. O presidente tem intensificado as críticas aos ministros do STF depois que foi incluído no inquérito das fake news - o quinto aberto contra ele, entre pedidos do Supremo e TSE.
"Eu não vou agora tentar cooptar senadores de uma forma ou de outra, oferecendo alguma coisa para eles, etc, para eles votarem o impeachment deles [dos ministros]”, garantiu o presidente em entrevista à Rádio Capital Notícia, de Cuiabá (MT), nesta terça.
O Senado avalia como "abaixo de zero" as chances tirar os ministros do Supremo de seus cargos. Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente da casa, já disse em conversas reservadas que considera o impeachment de um ministro do Supremo "o último recurso", somente após um crime grave.
O senador está tentando acalmar os ânimos entre os poderes. Pacheco se reúnirá com Luiz Fux e vai pedir ajuda para que o mandatário do STF "abaixe a temperatura da crise” e evite, por exemplo, reagir às declarações de Bolsonaro. Pacheco vai propor que a “página seja virada”.
O ministro da Defesa também bateu na tecla do “jogo zerado”. Em audiência na Câmara também nesta terça, Braga Netto negou que a nota do mês passado assinada por ele e comandantes das Forças Armadas, sobre não aceitar "ataques levianos" da CPI da Pandemia, tenha sido uma ameaça ao Congresso.
“Em momento algum a mensagem teve por objetivo desrespeitar o Senado ou os senadores e nem mesmo a eles se referiu”, defendeu-se.
A mensagem foi divulgada após o presidente da comissão falar em "lado podre das Forças Armadas" na prisão do ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, o coronel da reserva Roberto Dias.